Summary: | Homem e mulher, feminino e masculino: o comportamento social dos indivíduos é norteado por dicotomias
que encontramos em corpos aprendidos e disciplinados. Nesse sentido, os papéis sociais de
gênero vêm a ser fatores de diferenciação sexual, de forma a orientar a inteligibilidade dos corpos,
através construções sociais de códigos estéticos, funcionais e comportamentais. A drag queen – representada
como um corpo onde os papéis sociais de gênero encontram-se justapostos – apresenta,
através da performance, a possibilidade de ressignificar as relações fixas entre gênero, corpo e sexo.
Enquanto indivíduo que opera na transformação estética e comportamental de seus papéis de gênero,
a drag permite pensar numa desnaturalização dos laços que envolvem esses conceitos. Diferente
do travesti e do transexual, a drag queen questiona a fixidez de questões “hetero-normativas” através
de um ato performativo, onde o corpo adquire signos específicos do sexo feminino e aplica a um
corpo masculino, tornando-se “queer”. A experiência do corpo drag representa uma possibilidade de
verificar o momento em que a normatividade da relação entre corpo, sexo e gênero entra em desconstrução,
resultando num corpo híbrido. O artigo se propõe à reflexão sobre a formação da dicotomia
masculino/feminino e a produção performativa de corpos drag.
|