Como sabemos o que é verdade? O caso do mana em Fiji

A análise de uma conversa particular que se deu em Fiji sugere que sabemos o que é verdade basicamente por aquilo que se evidencia aos nossos olhos e aos de outras pessoas. Mesmo assim, nesse caso fijiano, a verdade não é necessariamente a priori, não é sempre dada na natureza das coisas. Em certos...

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Bibliographic Details
Main Author: Christina Toren
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2006-10-01
Series:Mana
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132006000200008
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description A análise de uma conversa particular que se deu em Fiji sugere que sabemos o que é verdade basicamente por aquilo que se evidencia aos nossos olhos e aos de outras pessoas. Mesmo assim, nesse caso fijiano, a verdade não é necessariamente a priori, não é sempre dada na natureza das coisas. Em certos casos - a feitiçaria, por exemplo - o que é verdade permanece por ser descoberto. Isso também se aplica à questão de saber se as palavras e os atos de uma pesoa são ou não mana, isto é, materialmente eficazes. A idéia fijiana é que o discurso, ou mais genericamente a palavra (vosa), quando falada ou escrita, pode ser mana, eficaz, e assim aquilo que é verdade (dina) pode ser um resultado, e não algo já dado. Segundo o argumento aqui desenvolvido, por ser o mundo circundante capaz de garantir todos os significados que os seres humanos podem produzir, nossos diversos entendimentos (como antropólogos e como pessoas) são tão passíveis de análise histórica quanto os de outrem. Segue-se que o poder explanatório de nossas etnografias deve residir na operação de tornar analíticas as categorias dos informantes. Finalmente, o artigo usa material fijiano para afirmar que as idéias acerca daquilo para que serve a linguagem (sua força moral) são cruciais para se entender o que é dito, e indica a utilidade analítica do desnudamento, em cada caso específico, da ontogênese da força moral da linguagem.<br>Analysis of a particular conversation held in Fiji suggests that we know what is true primarily by the evidence of our own and others' eyes. Even so, in this Fijian case, truth is not necessarily a priori, it is not always given in the nature of things; in certain cases - witchcraft, for example - what is true remains to be found out. Ditto for whether or not a person's words or acts are mana, that is to say, materially effective. The Fijian idea is that speech or, more generally the word (vosa) as it is spoken or written, may be mana, effective, and thus what is true (dina) may be an outcome rather than already given. The objective of the paper is not to translate Fijian terms, but to render them analytical. The argument here is that because the environing world provides for all the meanings that humans can make, our own understandings (as anthropologists and human beings) are just as amenable to historical analysis as the next person's; it follows that the explanatory power of our ethnographies must be made to reside in rendering our informants' categories analytical. Finally, the paper makes use of the Fijian material to argue that ideas about what language is good for (its moral force) are crucial to understanding what is said and suggests the analytical utility of laying bare the ontogeny of the moral force of language in any given case.
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