Estamos formando professores que conhecem a variação linguística? Uma análise acerca da importância dos dados e das teorias para o ensino de língua

Os trabalhos sobre variação do português brasileiro (PB) avançaram no sentido de documentar e explicar a língua. Percebe-se, contudo, um abismo separando ensino e pesquisa, pois o conhecimento científico não tem extrapolado, em todas as suas potencialidades, as fronteiras dos muros acadêmicos. Obser...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Tais Bopp da Silva
Format: Article
Language:English
Published: Editora da Universidade Federal de Uberlândia 2015-12-01
Series:Letras & Letras
Subjects:
Online Access:http://www.seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/31470
Description
Summary:Os trabalhos sobre variação do português brasileiro (PB) avançaram no sentido de documentar e explicar a língua. Percebe-se, contudo, um abismo separando ensino e pesquisa, pois o conhecimento científico não tem extrapolado, em todas as suas potencialidades, as fronteiras dos muros acadêmicos. Observa-se, paradoxalmente, que o mercado editorial sobre ensino de língua materna cresce com vigor, porém, privilegia aspectos pedagógicos e metodológicos, como que normatizando a conduta do professor, pouco explorando a apresentação dos fenômenos variáveis. Nesse sentido, se já não formamos mais professores voltados para a defesa do purismo linguístico, como há alguns anos atrás, hoje formamos profissionais muito bem treinados para o discurso acerca da variação, mas com pouco conhecimento dos fenômenos variáveis. Isso se evidencia no modo como alguns desses profissionais classificam certas variantes estigmatizadas: “diferente”, “não quer dizer que é errada”, “apenas inadequada” – o que deixa entrever o predomínio de um tom valorativo (com o cuidado de ser politicamente correto) no modo como descrevem tais variantes. O papel da sociolingüística, no entanto, consiste não apenas em promover a tolerância à variação, mas levar à compreensão de seus mecanismos. Neste artigo, buscamos reunir algumas das contribuições da sociolingüística para o ensino de língua e discutir se essa disciplina tem cumprido a tarefa de mostrar ao professor a pluralidade linguística (o que é necessário para que ele perceba como legítimas as variedades com as quais vai se deparar em sala de aula) ou tem se limitado a normatizar comportamentos desejáveis ao professor, constituindo, assim, mais uma fonte reguladora da prática docente.
ISSN:1981-5239