Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde
Estudos sobre o parentesco africano que tratam da questão geracional não são novidades para a antropologia, seja em abordagens clássicas, que focam a estrutura institucional dos sistemas de parentesco, seja em análises contemporâneas, que inserem a questão no contexto das relações construídas pela p...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade de São Paulo (USP)
2010-01-01
|
Series: | Revista de Antropologia |
Subjects: | |
Online Access: | http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27347 |
_version_ | 1811256112138158080 |
---|---|
author | Andréa de Souza Lobo |
author_facet | Andréa de Souza Lobo |
author_sort | Andréa de Souza Lobo |
collection | DOAJ |
description | Estudos sobre o parentesco africano que tratam da questão geracional não são novidades para a antropologia, seja em abordagens clássicas, que focam a estrutura institucional dos sistemas de parentesco, seja em análises contemporâneas, que inserem a questão no contexto das relações construídas pela prática cotidiana. No caso de Cabo Verde, para entender o lugar central da mulher e da relação entre mulheres para a reprodução das relações familiares, não se pode negligenciar o papel das avós. Argumentando neste sentido, o artigo busca demonstrar como a maternidade, tal como entendida em Cabo Verde, não está restrita à figura da mãe, envolvendo outras mulheres no compartilhamento de substâncias essenciais para o cotidiano - alimento, cama, casa, bens e valores. Nesse contexto, emerge uma estratégia importante e que faz da maternidade em Cabo Verde um caso particular: o fato de que uma geração não é o bastante para a realização plena da maternidade, pois esta requer o esforço coordenado de duas gerações de mulheres no interior da estrutura familiar. Mãe e avó complementam-se na tarefa de cuidar e alimentar as crianças e essa união dá o sentido local do que uma criança precisa para estar feliz e amparada. Da mesma forma, exercer a maternidade nas duas fases da vida significa o exercício pleno da maternidade para uma mulher. O artigo desenvolve, portanto, o argumento de que ser mãe em Cabo Verde é um ciclo que começa com o nascimento de um filho e só se encerra plenamente quando a mulher se torna avó. |
first_indexed | 2024-04-12T17:35:07Z |
format | Article |
id | doaj.art-ad07990119ee47d2a60f260ecb73d670 |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 0034-7701 1678-9857 |
language | English |
last_indexed | 2024-04-12T17:35:07Z |
publishDate | 2010-01-01 |
publisher | Universidade de São Paulo (USP) |
record_format | Article |
series | Revista de Antropologia |
spelling | doaj.art-ad07990119ee47d2a60f260ecb73d6702022-12-22T03:23:01ZengUniversidade de São Paulo (USP)Revista de Antropologia0034-77011678-98572010-01-0153110.1590/S0034-77012010000100004Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo VerdeAndréa de Souza Lobo0Universidade de BrasíliaEstudos sobre o parentesco africano que tratam da questão geracional não são novidades para a antropologia, seja em abordagens clássicas, que focam a estrutura institucional dos sistemas de parentesco, seja em análises contemporâneas, que inserem a questão no contexto das relações construídas pela prática cotidiana. No caso de Cabo Verde, para entender o lugar central da mulher e da relação entre mulheres para a reprodução das relações familiares, não se pode negligenciar o papel das avós. Argumentando neste sentido, o artigo busca demonstrar como a maternidade, tal como entendida em Cabo Verde, não está restrita à figura da mãe, envolvendo outras mulheres no compartilhamento de substâncias essenciais para o cotidiano - alimento, cama, casa, bens e valores. Nesse contexto, emerge uma estratégia importante e que faz da maternidade em Cabo Verde um caso particular: o fato de que uma geração não é o bastante para a realização plena da maternidade, pois esta requer o esforço coordenado de duas gerações de mulheres no interior da estrutura familiar. Mãe e avó complementam-se na tarefa de cuidar e alimentar as crianças e essa união dá o sentido local do que uma criança precisa para estar feliz e amparada. Da mesma forma, exercer a maternidade nas duas fases da vida significa o exercício pleno da maternidade para uma mulher. O artigo desenvolve, portanto, o argumento de que ser mãe em Cabo Verde é um ciclo que começa com o nascimento de um filho e só se encerra plenamente quando a mulher se torna avó.http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27347Organização familiarCabo Verdematernidadecrianças |
spellingShingle | Andréa de Souza Lobo Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde Revista de Antropologia Organização familiar Cabo Verde maternidade crianças |
title | Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde |
title_full | Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde |
title_fullStr | Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde |
title_full_unstemmed | Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde |
title_short | Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde |
title_sort | um filho para duas maes notas sobre a maternidade em cabo verde |
topic | Organização familiar Cabo Verde maternidade crianças |
url | http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27347 |
work_keys_str_mv | AT andreadesouzalobo umfilhoparaduasmaesnotassobreamaternidadeemcaboverde |