AVALIAÇÃO DO RISCO TROMBÓTICO RELACIONADO À ESPLENECTOMIA EM PACIENTES PORTADORES DE TROMBOCITOPENIA IMUNE
Objetivos: O objetivo deste estudo é avaliar se há aumento do risco trombótico em pacientes portadores de trombocitopenia imune (PTI), especialmente nos pacientes submetidos à esplenectomia. Métodos: Estudo de coorte, retrospectivo, unicêntrico, com pacientes acima de 18 anos diagnosticados com PTI...
Main Authors: | , , , , , , , |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier
2023-10-01
|
Series: | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
Online Access: | http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923010829 |
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author | A Saldanha E Okazaki C Rothschild B Stefanello P Prestes V Rocha P Villaça F Orsi |
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description | Objetivos: O objetivo deste estudo é avaliar se há aumento do risco trombótico em pacientes portadores de trombocitopenia imune (PTI), especialmente nos pacientes submetidos à esplenectomia. Métodos: Estudo de coorte, retrospectivo, unicêntrico, com pacientes acima de 18 anos diagnosticados com PTI e que foram atendidos entre os anos de 2005 e 2021. Foi realizada análise descritiva de dados demográficos e clínicos, além de descrição do desfecho através da frequência de trombose no grupo submetido à esplenectomia (expostos) e não submetido à esplenectomia (não expostos), pareados por sexo, idade e tempo de diagnóstico, com comparação entre esses valores. Foram excluídos os casos de PTI secundária doenças infecciosas, neoplasia, imunodeficiência comum variável ou lúpus eritematoso sistêmico. Resultados: Foram incluídos 152 pacientes não esplenectomizados e 90 pacientes esplenectomizados. Em ambos os grupos houve predominância de pacientes do sexo feminino (75.5% e 78%), com mediana de idade à admissão de 34 e 32 anos respectivamente. A presença de hipertensão arterial sistêmica foi mais frequente no grupo esplenectomizado (27.7% vs. 16.6% p = 0.032). Não houve diferença estatística em relação à presença de anticorpos antifosfolípides entre os dois grupos e foi encontrada uma maior tendência à presença de fator antinuclear no grupo não esplenectomizado (28% vs. 18.1%; p = 0.07). Dos 242 pacientes, 226 (93%) necessitaram de ao menos uma linha de tratamento. Em relação ao desfecho, a trombose ocorreu em 13 pacientes esplenectomizados (14.4%) contra 7 pacientes não esplenectomizados (4.6%). Portanto, a esplenectomia aumentou em três vezes o risco de trombose (OR 3.6, 95% CI 1.3 – 9.1; p = 0.01). Este risco permaneceu após ajuste para sexo, idade, presença de anticorpos antifosfolípides e comorbidades. Dos 13 pacientes que apresentaram trombose no grupo esplenectomizado, houve predominância de tromboembolismo venoso (TEV) em 53.7% dos pacientes e trombose esplâncnica em 38.4%, sendo que um paciente teve trombose arterial e venosa concomitantemente. Oito desses eventos foram considerados provocados, sendo 5 dos 13 eventos (38.5%) associados à esplenectomia (< 90 dias). A mediana de contagem plaquetária no momento da trombose foi de 172.000/mm3 (IQR 33.5 – 367). Já em relação ao grupo não esplenectomizado, sete (4.6%) pacientes apresentaram trombose, sendo cinco eventos venosos (71.4%) e dois eventos arteriais (28.6%). Houve maior prevalência de TEV (57%). A maioria dos eventos foi não provocado (71.4%) e a mediana de contagem plaquetária ao desenvolvimento de trombose foi de 184000/mm3 (IQR 60 – 295). Discussão: Na nossa coorte, foi encontrado que a esplenectomia aumenta em três vezes o risco de desenvolvimento de trombose. Nos últimos anos vem sendo descritos eventos trombóticos venosos e arteriais em pacientes portadores de PTI, entretanto a causa de hipercoagulabilidade destes pacientes ainda é desconhecida. Considera-se que a própria doença leva a um risco trombótico aumentado, em especial quando associada a alguns tratamentos, como esplenectomia, e a fatores pessoais, como presença de comorbidades cardiovasculares e anticorpos antifosfolípides. Conclusão: A esplenectomia, apesar de ser um tratamento bem tolerado e com possibilidade de remissão duradoura da PTI à longo prazo, leva a um risco trombótico persistentemente aumentado em pacientes portadores de PTI. |
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spelling | doaj.art-af99577d8d954785b5ae02a8040e5bbb2023-10-20T06:44:06ZengElsevierHematology, Transfusion and Cell Therapy2531-13792023-10-0145S489S490AVALIAÇÃO DO RISCO TROMBÓTICO RELACIONADO À ESPLENECTOMIA EM PACIENTES PORTADORES DE TROMBOCITOPENIA IMUNEA Saldanha0E Okazaki1C Rothschild2B Stefanello3P Prestes4V Rocha5P Villaça6F Orsi7Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilObjetivos: O objetivo deste estudo é avaliar se há aumento do risco trombótico em pacientes portadores de trombocitopenia imune (PTI), especialmente nos pacientes submetidos à esplenectomia. Métodos: Estudo de coorte, retrospectivo, unicêntrico, com pacientes acima de 18 anos diagnosticados com PTI e que foram atendidos entre os anos de 2005 e 2021. Foi realizada análise descritiva de dados demográficos e clínicos, além de descrição do desfecho através da frequência de trombose no grupo submetido à esplenectomia (expostos) e não submetido à esplenectomia (não expostos), pareados por sexo, idade e tempo de diagnóstico, com comparação entre esses valores. Foram excluídos os casos de PTI secundária doenças infecciosas, neoplasia, imunodeficiência comum variável ou lúpus eritematoso sistêmico. Resultados: Foram incluídos 152 pacientes não esplenectomizados e 90 pacientes esplenectomizados. Em ambos os grupos houve predominância de pacientes do sexo feminino (75.5% e 78%), com mediana de idade à admissão de 34 e 32 anos respectivamente. A presença de hipertensão arterial sistêmica foi mais frequente no grupo esplenectomizado (27.7% vs. 16.6% p = 0.032). Não houve diferença estatística em relação à presença de anticorpos antifosfolípides entre os dois grupos e foi encontrada uma maior tendência à presença de fator antinuclear no grupo não esplenectomizado (28% vs. 18.1%; p = 0.07). Dos 242 pacientes, 226 (93%) necessitaram de ao menos uma linha de tratamento. Em relação ao desfecho, a trombose ocorreu em 13 pacientes esplenectomizados (14.4%) contra 7 pacientes não esplenectomizados (4.6%). Portanto, a esplenectomia aumentou em três vezes o risco de trombose (OR 3.6, 95% CI 1.3 – 9.1; p = 0.01). Este risco permaneceu após ajuste para sexo, idade, presença de anticorpos antifosfolípides e comorbidades. Dos 13 pacientes que apresentaram trombose no grupo esplenectomizado, houve predominância de tromboembolismo venoso (TEV) em 53.7% dos pacientes e trombose esplâncnica em 38.4%, sendo que um paciente teve trombose arterial e venosa concomitantemente. Oito desses eventos foram considerados provocados, sendo 5 dos 13 eventos (38.5%) associados à esplenectomia (< 90 dias). A mediana de contagem plaquetária no momento da trombose foi de 172.000/mm3 (IQR 33.5 – 367). Já em relação ao grupo não esplenectomizado, sete (4.6%) pacientes apresentaram trombose, sendo cinco eventos venosos (71.4%) e dois eventos arteriais (28.6%). Houve maior prevalência de TEV (57%). A maioria dos eventos foi não provocado (71.4%) e a mediana de contagem plaquetária ao desenvolvimento de trombose foi de 184000/mm3 (IQR 60 – 295). Discussão: Na nossa coorte, foi encontrado que a esplenectomia aumenta em três vezes o risco de desenvolvimento de trombose. Nos últimos anos vem sendo descritos eventos trombóticos venosos e arteriais em pacientes portadores de PTI, entretanto a causa de hipercoagulabilidade destes pacientes ainda é desconhecida. Considera-se que a própria doença leva a um risco trombótico aumentado, em especial quando associada a alguns tratamentos, como esplenectomia, e a fatores pessoais, como presença de comorbidades cardiovasculares e anticorpos antifosfolípides. Conclusão: A esplenectomia, apesar de ser um tratamento bem tolerado e com possibilidade de remissão duradoura da PTI à longo prazo, leva a um risco trombótico persistentemente aumentado em pacientes portadores de PTI.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923010829 |
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