Summary: | O objetivo do artigo é analisar os efeitos micropolíticos das emoções para pensar o trabalho moral exercido por e sobre o olhar investigativo policial diante de imagens de pornografia infantil. Em termos empíricos, o texto é baseado em uma pesquisa de campo etnográfica realizada entre março de 2009 e dezembro de 2010 no Núcleo de Prevenção e Repressão a crimes via internet, o NUNET, da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Por fim, é discutida a importância epistemológica de ter sido “afetada”, durante o trabalho de campo, pela visualização de cenas diante das quais as reações emocionais supostamente mais “espontâneas” e moralmente esperadas são o horror profundo e a repulsa imediata. Argumenta-se que essa (des)afetação foi o que possibilitou à pesquisadora incorporar e, assim, compreender o esfriamento emotivo que define a perspectiva investigativa policial.
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