Summary: | O presente texto tem como objetivo abordar a religião e a sua relação com a ética no pensamento do filósofo Emmanuel Levinas, no qual tais noções estão entrelaçadas, em um horizonte aberto e não dogmático. A perspectiva de religião em Levinas esquiva-se do contexto de sistematização e da síntese conceitual prevalente no pensamento ocidental, deslizando-se em direção à intriga ética como fonte primeira da inteligibilidade. Ética esta entendida como o evento do encontro humano, fundamentada na aceitação da responsabilidade assimétrica e moralmente inescusável pelo próximo, circunstância na qual a palavra Deus ganha seu sentido. O filósofo franco-lituano abriu novas possibilidades à problematização do religioso, ao estabelecer o rosto do outro homem não só como o ponto central da ética e da justiça, mas, também, como o locus privilegiado a partir do qual Deus, ou a sua Palavra, nos vem à ideia de forma concreta. A responsabilidade por Outrem, anterior às formulações lógicas, é o vestígio do Infinito, o Dizer originário de Deus revelado no rosto do outro homem, como o traço de um passado imemorial que jamais foi presente. É no rosto de Outrem que a palavra de Deus, não tematizada, se revela, como um mandamento de ética e de justiça.
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