Summary: | Este artigo busca tensionar as concepções de autor a partir das reflexões de Michel Foucault (1926-1984) e Roger Chartier (1945-). Para tanto, apresenta o que denominamos de o problema da autoria, explorando as variadas faces do autor em perspectiva histórica e na atualidade. A partir disso, seguimos pelos principais conceitos de Michel Foucault, para quem a noção de autor ocupa papel central na individualização presente na história do conhecimento, uma vez que o retorno à genealogia de qualquer conceito, gênero literário ou filosofia sobrevaloriza a relação de um sujeito autor e a sua obra. Em seguida, debruçamo-nos sobre o pensamento de Roger Chartier acerca do autor. Cerca de trinta anos após a conferência de Foucault na Sociedade Francesa de Filosofia, Chartier é convidado pela mesma instituição a revisitar o tema do autor. O retorno de Chartier (2012) à questão se justifica, segundo ele mesmo, pela retificação de cronologias apontadas por Foucault (2009) e que sustentam a sua argumentação. Por fim, concluíamos com as possíveis interseções advindas dos dois pensadores. É possível traçar um paralelo daquilo que Chartier (2001) denominou lugar social com os modos de circulação de textos no âmbito sociocultural, constituinte da função-autor proposta por Foucault (2009). Somente por meio de um lugar social, entendido como espaço em que as dinâmicas sociais se revelam a partir de valores dessa mesma sociedade, é que é possível emergir o autor enquanto sujeito de fala. Nesse caso, trata-se de uma fala valorada simbolicamente a partir dos mesmos valores socialmente circulantes.
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