Dor crónica multifatorial e a abordagem holística do médico de família: a propósito de um caso clínico
Introdução: A dor crónica afeta cerca de 37% da população adulta portuguesa. É um desafio a todos os clínicos, pela sua natureza multifatorial e a quase sempre necessidade de envolver equipas interdisciplinares na sua abordagem. Os médicos de família (MF), pela posição privilegiada na capacidade de...
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Published: |
Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
2020-11-01
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Series: | Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar |
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author | Ana Rita Magalhães Ana Peixoto Pedro Miguel Teixeira |
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Introdução: A dor crónica afeta cerca de 37% da população adulta portuguesa. É um desafio a todos os clínicos, pela sua natureza multifatorial e a quase sempre necessidade de envolver equipas interdisciplinares na sua abordagem. Os médicos de família (MF), pela posição privilegiada na capacidade de avaliar o utente como um todo, têm um papel preponderante, uma vez que detêm informação privilegiada sobre o ambiente familiar, comunitário e social. Este caso demonstra não só a importância da avaliação holística, mas também da abordagem interdisciplinar, que se traduziu na melhoria da dor autopercecionada inicialmente como um oito para três, segundo a escala numérica (EN).
Descrição do caso: Sexo feminino, 59 anos, empregada hoteleira, antecedentes de artrite reumatoide, obesidade e gonartrosebilateral. Recorre a consulta programada com a sua nova MF por dor de início há anos, agravamento recente, predomínio lombar e membros inferiores, sem fatores de alívio ou agravamento identificáveis, que classifica basal como cinco, com picos de sete/oito na EN. São identificados, como problemas não conhecidos, hipertensão arterial (HTA) não controlada, perturbação depressiva e de ansiedade generalizada, não adesão terapêutica, doença venosa crónica. O acompanhamento decorreu regularmente ao longo de oito meses, com necessidade de investigar causas de HTA não controlada e consequente descoberta de síndroma de apneia do sono, capacitação e empoderamento da utente, tratamento farmacológico e não farmacológico da depressão major, envolvimento de psicóloga, nutricionista e equipa de fisiatria. O controlo da dor não se obteve inicialmente, apesar de terapêutica instituída segundo a escalada analgésica da Organização Mundial da Saúde. Apenas quando todas as patologias foram sendo abordadas de forma efetivamente interdisciplinar foi possível obter o controlo da dor desta utente.
Comentário: Este caso demonstra a importância da avaliação global da pessoa com dor crónica que veio a revelar várias patologias associadas, componente psicossomático marcado e necessidade de abordagens multi e interdisciplinares. Apenas perante a abordagem de todos os problemas de saúde se conseguiu devolver qualidade de vida e capacitação para lidar com as suas doenças, dolências e dor(es).
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