Mística e geometria:

Nicolau de Cusa (1401-1464) e Espinosa (1632-1677) têm sido algumas vezes relacionados em função da proximidade de suas doutrinas no que concerne à aceitação da unidade como primado ontológico. Procuram por isso expressar essa intuição originária, enfrentando assim as críticas de uma Teologia Negat...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Jefferson Alves de Aquino
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual do Ceará 2021-07-01
Series:Kalagatos
Subjects:
Online Access:https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/5885
Description
Summary:Nicolau de Cusa (1401-1464) e Espinosa (1632-1677) têm sido algumas vezes relacionados em função da proximidade de suas doutrinas no que concerne à aceitação da unidade como primado ontológico. Procuram por isso expressar essa intuição originária, enfrentando assim as críticas de uma Teologia Negativa, qual a de Maimônides (1135-1204), que insiste na impossibilidade de se atribuir qualquer qualificativo positivo a Deus, princípio Unitário de mundo. Diferenciam-se, no entanto, quanto ao cerne da intuição que lhes serve de fundamento: a intuição cusana é a de uma mística que aceita os limites de sua expressão, a despeito de sua tentativa sempre aproximativa de tradução daquele que seria o Máximo Absoluto, identidade para além de todas as oposições; e a intuição espinosana sendo de orientação matemática, prescinde do conceito de mistério, expressando exemplarmente a metafísica laicizada do século XVII, em que o recurso de uma exposição geométrica suprimiria os limites da linguagem, bem como a pretensa inefabilidade da realidade enquanto unidade ontológica.
ISSN:1808-107X
1984-9206