Summary: | Este artigo objetiva analisar alguns erros no processo de aquisição da linguagem de duas crianças brasileiras entre dois e quatro anos de idade, relacionados à aquisição do léxico e de algumas expressões linguísticas. Problematiza a concepção de linguagem enquanto comunicação, que perpassa trabalhos que cedem lugar à pragmática em suas análises. O trabalho adota a perspectiva interacionista (De Lemos 1982, 1992, 2002), em que a linguagem não é concebida apenas como ferramenta social, puramente instrumental, para tentar dar conta da flexibilidade pragmática na fala das crianças.
Diferentemente, os resultados da análise de dados aqui indicam que a linguagem deve ser “capturada” na sua relação instável de interioridade e exterioridade no diálogo. Os erros na fala das crianças mostram que elas não tomam, necessariamente, o mesmo referencial já cristalizado pelos usos da língua adulta, podendo estabelecer um eixo próprio de relações provisórias, deixando ver os rastros da singularidade do sujeito no processo de aquisição da linguagem.
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