Summary: | A literatura negro-brasileira contemporânea pode ser vista como umas das áreas mais profícuas para materializar a decolonialidade, pois, de maneira crescente, negras e negros passam a se autorrepresentar, autoficcionalizar e ficcionar suas realidades e as dos outros que, ao mesmo tempo em que são individuais, servem para o coletivo. A partir desse contexto, o texto literário de autoria feminina serve de mecanismo político e ideológico, alinhado à proposta decolonial, para a discussão de diversas epistemologias “Outras”. Tais questões justificam a tessitura deste texto, no qual objetivamos discutir o lugar do Tempo, da Temporalidade e da Ancestralidade como características dialógicas que se fundem nas representações literárias de Conceição Evaristo. Assim, temos como corpus, o conto Olhos d’água (2018), para pensar a genealogia feminina e materna negra. A metodologia é básica, precedida de revisão bibliográfica, caracterizada como análise-crítica, de natureza explicativa. No tocante ao aporte teórico, recorremos às discussões de Moraes (2018), Rivera (2011), Proença Filho (2004), Ferreira (2014), etc. Intentamos relacionar o texto literário com a história, no tocante ao lugar do tempo, da temporalidade e da presença das ancestralidades para perceber a construção de uma narrativa que liga as mulheres pela sororidade e pela dororidade, partindo do que Evaristo, enquanto teórica, conceitua como Escrevivência.
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