Summary: | O presente artigo discute o conceito de memória ética em Walter Benjamin a partir das teses Sobre o conceito da história. Argumenta-se que a partir desse autor se pode atribuir um papel ético e reparador às investigações acerca dos fenômenos humanos, retirando-os do lugar comum de “fatos sociais” e reivindicando-se uma memória ética na sua intepretação, que desde o início está comprometida em “escovar a história a contrapelo”. Isso significa escavar as ruínas dos monumentos e dos documentos de cultura e extrair deles o seu teor de documentos de barbárie. A partir da alegoria do Angelus Novus, apresentada pelo autor na IX Tese, sugere-se que a função do método de investigação histórica é de despertar as vozes que foram silenciadas pela versão oficial da história, iluminando o presente com rememorações prenhes de compromisso ético com uma noção de história que não tem fim em si mesma, mas que foi forjada sobre o jugo das opressões dos vencedores. Sugere-se que a alegoria do Anjo se reporta à própria função social do investigador materialista, cujo compromisso é preencher o “tempo vazio e homogêneo” com o “tempo de agora” (Jetztzeit), rico em histórias e memórias dos esquecidos
|