Encefalopatias Epilépticas Infantis: O Novo Paradigma do Diagnóstico Genético

Introdução: As encefalopatias epilépticas da infância constituem um grupo de patologias de início precoce e prognóstico neurológico reservado. O desenvolvimento das novas técnicas de estudo genético foi responsável pela identificação de novos genes implicados. Nos últimos anos, assistimos a uma rev...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Rita Martins, Oana Moldovan, Ana Berta Sousa, António Levy, Sofia Quintas
Format: Article
Language:English
Published: Ordem dos Médicos 2020-06-01
Series:Acta Médica Portuguesa
Subjects:
Online Access:https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/12550
Description
Summary:Introdução: As encefalopatias epilépticas da infância constituem um grupo de patologias de início precoce e prognóstico neurológico reservado. O desenvolvimento das novas técnicas de estudo genético foi responsável pela identificação de novos genes implicados. Nos últimos anos, assistimos a uma revolução no seu paradigma diagnóstico. Contudo, actualmente não existem recomendações internacionais consensuais sobre a abordagem à investigação das encefalopatias epilépticas genéticas. Pretendemos discutir o conhecimento actual sobre a arquitectura genética das encefalopatias epilépticas infantis. Material e Métodos: Realizou-se uma revisão da literatura das encefalopatias epilépticas infantis genéticas e estudos utilizados no seu diagnóstico. Propomos uma abordagem sistematizada através de um algoritmo diagnóstico a utilizar na prática clínica. Resultados: Inicialmente deve-se determinar o fenótipo do doente com base no tipo de crises, padrão electroencefalográfico e neuroimagem. Nos doentes sem etiologia após resultados de ressonância magnética cranioencefálica, deve-se realizar estudo metabólico apropriado para o diagnóstico prioritário de doenças metabólicas tratáveis. A investigação de outras causas genéticas deve ser considerada, sobretudo perante características fenotípicas sugestivas. Primeiro deve-se realizar a análise de microarray cromossómico, principalmente se existirem alterações dismórficas ou polimalformativas. Se esta for negativa e/ou não existirem elementos físicos distintivos, o próximo passo deve ser realizar os painéis multigénicos ou sequenciação de exoma. Os estudos dirigidos do gene devem ser reservados para quando o fenótipo é indicativo de uma síndrome específica. Conclusão: A marcha diagnóstica das encefalopatias epilépticas tornou-se complexa com a expansão de conhecimentos genéticos. Este novo paradigma apresenta implicações terapêuticas, prognósticas e de aconselhamento familiar.
ISSN:0870-399X
1646-0758