TETRAPARESIA FLÁCIDA APÓS TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE MEDULA ÓSSEA: RELATO DE CASO

Objetivo: Relatar um caso de tetraparesia flácida após início do esquema vacinal em paciente submetida a transplante de medula óssea (TMO) autólogo para tratamento de linfoma não Hodgkin. Relato do caso: Trata-se de uma mulher parda, de 32 anos, com histórico de linfoma não Hodgkin, hipertensão arte...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: DJ Silva, IC Lima, AA Ferreira, LA Pires, MA Mota, MFCB Valente, KMM Ribeiro, STF Grunewald, CMAS Vieira, VJF Pereira
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2021-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137921006751
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description Objetivo: Relatar um caso de tetraparesia flácida após início do esquema vacinal em paciente submetida a transplante de medula óssea (TMO) autólogo para tratamento de linfoma não Hodgkin. Relato do caso: Trata-se de uma mulher parda, de 32 anos, com histórico de linfoma não Hodgkin, hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, submetida a TMO em abril/2020 que, após iniciar regime vacinal de rotina pós-TMO, em outubro/2020, evoluiu com sintomas sistêmicos inespecíficos, caracterizados por febre não aferida, náuseas e vômitos. Nenhum quadro infeccioso foi detectado naquele momento. Cerca de 12 dias mais tarde, a paciente passou a apresentar quadro sensitivo-motor caracterizado por parestesia e paresia ascendentes, inicialmente em pés, com progressão para o abdome e mãos em 24 horas, além de disfagia para líquidos e diplopia. Familiares relatavam ainda alguns episódios de síncope nos últimos dois dias anteriores à consulta médica e sudorese extrema e intermitente na região da face. A paciente foi admitida em unidade de terapia intensiva onde foram verificadas hipotonia generalizada, arreflexia global, disautonomia e dissociação proteíno-citológica na análise do líquido cefalorraquidiano, estabelecendo-se o diagnóstico de Síndrome de Guillain-Barré (SGB). Foram descartados quadros infecciosos, inclusive COVID-19, assim como a recidiva do linfoma. Três dias depois houve deterioração da função respiratória com necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Optou-se por tratamento com plasmaférese (cinco sessões em dias alternados com troca de uma volemia plasmática por sessão). Os efeitos colaterais ao procedimento foram um pequeno hematoma em local de inserção do acesso venoso e distúrbios eletrolíticos moderados, corrigidos sem dificuldade. A recuperação motora foi rápida e a paciente recebeu alta hospitalar após 20 dias de internação, deambulando sem apoio e mantendo-se livre de quaisquer sequelas sensitivo-motoras durante o seguimento. Discussão: paralisias flácidas progressivas são condições frequentes em departamentos de urgência, mas que ainda constituem relevante desafio diagnóstico. Na maioria das vezes a SGB está associada a uma resposta imunológica a um estado infeccioso prévio, porém, em alguns raros casos, pode se desenvolver após imunizações ou transplante de medula óssea. A plasmaférese é tão efetiva quanto a infusão de imunoglobulinas no tratamento da SGB, embora com mais efeitos colaterais em potencial como hipotensão, sepse, reações transfusionais e problemas relacionados ao acesso vascular. Os resultados tendem a ser superiores quando a plasmaférese é iniciada nos primeiros sete dias do surgimento dos sintomas, melhorando a força muscular, diminuindo a necessidade de ventilação mecânica e acelerando a recuperação dos pacientes com SGB grave. Conclusão: a rápida progressão sintomática apresentada pela paciente e a excelente resposta clínica após a instituição da plasmaférese reforçam a importância de um diagnóstico precoce pois, com a terapia adequada é possível atingir uma reversão completa das manifestações e evitar danos neurológicos permanentes.
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