Metafísica e moralidade em Schopenhauer e Kant
Em Kant, o conceito de coisa-em-si “funciona” como um único argumento para fundamentar a ciência moderna e para deixar espaço para uma vontade livre. Tal conceito, entretanto, foi considerado ilegítimo e as aporias provocadas por ele foram interpretadas como ausência de um fundamento filosófico que...
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Universidade Federal do Ceará
2010-01-01
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Em Kant, o conceito de coisa-em-si “funciona” como um único argumento para fundamentar a ciência moderna e para deixar espaço para uma vontade livre. Tal conceito, entretanto, foi considerado ilegítimo e as aporias provocadas por ele foram interpretadas como ausência de um fundamento filosófico que o idealismo alemão passou a buscar em uma subjetividade pensada dentro de uma filosofia da imanência. O realismo empírico era mantido justamente pelo conceito de coisa-em-si, cuja dissolução implicaria a perda da dimensão transcendental que tanto Kant, quanto Schopenhauer querem preservar. Esse conceito responde a um duplo interesse de Kant: além de limitar o saber científico à noção de fenômeno, a coisa-em-si deixa espaço para se pensar uma vontade livre, isto é, abre espaço para uma consideração moral do mundo. Ora, quando Schopenhauer explica a noção de vontade como sendo a coisa-em-si (e não mais a matéria), ele se vale do conceito ambíguo para o mesmo objetivo de Kant: abrir espaço para a moralidade. A diferença é o tipo de moralidade que se tenta legitimar: no caso de Kant, a moral judaico-cristã de viés luterano, para a qual a vontade livre é conditio sine qua non. No caso de Schopenhauer, a moralidade hindu-budista, consistindo a liberdade na anulação cármica através da negação da própria vontade.
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