Summary: | O significativo impacto do pensamento de Vilém Flusser no domínio dos estudos das tecnoimagens oblitera, em certa medida, o fato de que o filósofo também se ocupou, ainda que em menor escala, dos problemas relativos ao som codificado. Este artigo tem, justamente, o objetivo de contribuir com o Dossiê Flusser se debruçando sobre este tema um tanto quanto marginal em sua obra para indicar sua rentabilidade na compreensão das complexas relações que envolvem técnica, estética e percepção no mundo contemporâneo. Nesse sentido, nos concentraremos, particularmente, em sua fenomenologia do gesto de ouvir música à luz da história cultural das tecnologias de áudio para, ao fim e ao cabo, refletirmos sobre até que ponto o agir e o querer humanos possuem uma dimensão tecnocultural, o que implica afirmar, em face à constelação conceitual flusseriana, que, ao adaptarmos nossos corpos para recepção da mensagem musical, somos programados pelos aparelhos a realizar, diuturnamente, rituais da percepção.
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