Estudo nacional sobre recursos da saúde e práticas clínicas durante o início da pandemia da COVID-19 no Brasil

RESUMO Objetivo: Avaliar as práticas clínicas e a organização dos recursos hospitalares durante o início da pandemia da COVID-19 no Brasil. Metódos: Foi realizado um estudo transversal multicêntrico. Um questionário on-line foi disponibilizado a médicos dos serviços de emergência e das unidades de...

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Bibliographic Details
Main Authors: Pedro Paulo Zanella do Amaral Campos, Guilherme Martins de Souza, Thais Midega, Hélio Penna Guimarães, Thiago Domingos Corrêa, Ricardo Luiz Cordioli
Format: Article
Language:English
Published: Associação de Medicina Intensiva Brasileira 2022-06-01
Series:Revista Brasileira de Terapia Intensiva
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2022000100107&tlng=pt
Description
Summary:RESUMO Objetivo: Avaliar as práticas clínicas e a organização dos recursos hospitalares durante o início da pandemia da COVID-19 no Brasil. Metódos: Foi realizado um estudo transversal multicêntrico. Um questionário on-line foi disponibilizado a médicos dos serviços de emergência e das unidades de terapia intensiva que atendiam pacientes com COVID-19. O questionário contemplava quatro aspectos: perfil dos participantes, práticas clínicas, protocolos de tratamento da COVID-19 e organização dos recursos hospitalares. Resultados: Entre maio e junho de 2020, 284 participantes (56,3% homens), com idade mediana de 39 (intervalo interquartil de 33 - 47), responderam ao questionário; 33% eram intensivistas e 9% eram especialistas em medicina de emergência. Metade dos respondentes trabalhava em hospitais públicos. Verificou-se que a ventilação não invasiva (89% versus 73%; p = 0,001) e a cânula nasal de alto fluxo (49% versus 32%; p = 0,005) encontravam-se mais frequentemente disponíveis em hospitais privados do que nos públicos. A ventilação mecânica foi mais frequentemente utilizada em hospitais públicos do que em privados (70% versus 50%; p = 0,024). Nos serviços de emergência, a pressão positiva expiratória final foi mais frequentemente ajustada de acordo com a saturação de oxigênio, enquanto nas unidades de terapia intensiva, a pressão positiva expiratória final foi ajustada de acordo com a melhor complacência pulmonar. Nos serviços de emergência, 25% dos respondentes não sabiam como ajustar a pressão positiva expiratória final. Comparativamente aos hospitais privados, os hospitais públicos tiveram menor disponibilidade de protocolos para Equipamentos de Proteção Individual durante a intubação traqueal (82% versus 94%; p = 0,005), o manejo da ventilação mecânica (64% versus 75%; p = 0,006) e o desmame dos pacientes da ventilação mecânica (34% versus 54%; p = 0,002). Finalmente, os pacientes passaram menos tempo no serviço de emergência antes de serem transferidos à unidade de terapia intensiva em hospitais privados do que em hospitais públicos (idade mediana de 2 (1 - 3) versus idade mediana de 5 (2 - 24) horas; p < 0,001). Conclusão: Este estudo revelou heterogeneidade considerável entre os médicos em termos de organização dos recursos hospitalares, práticas clínicas e tratamentos durante o início da pandemia da COVID-19 no Brasil.
ISSN:1982-4335