Redução performativa e medialidade. A janela da Fenomenologia Meôntica

O presente artigo apresenta um estudo detalhado sobre a dimensão performativa implícita na redução fenomenológica a partir de uma análise das obras de Edmund Husserl e da sua reinterpretação nas contribuições de Eugen Fink. Atribuindo à função do espectador transcendental a estrutura de janela, estr...

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Main Author: Giovanni Jan Giubiato
Format: Article
Language:English
Published: Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS 2019-08-01
Series:Revista de Filosofia
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Online Access:https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/25218
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spelling doaj.art-d7975b7000ad4c2fb846f269d00151d62024-02-03T02:51:16ZengEditora Universitária Champagnat - PUCPRESSRevista de Filosofia0104-44431980-59342019-08-01315310.7213/1980-5934.31.053.DS0522847Redução performativa e medialidade. A janela da Fenomenologia MeônticaGiovanni Jan Giubiato0Universidade Estadual de Londrina (UEL) Londrina - PR, BrasilO presente artigo apresenta um estudo detalhado sobre a dimensão performativa implícita na redução fenomenológica a partir de uma análise das obras de Edmund Husserl e da sua reinterpretação nas contribuições de Eugen Fink. Atribuindo à função do espectador transcendental a estrutura de janela, estrutura esta previamente desenvolvida nas pesquisas sobre os atos das presentificações em geral e sobre a consciência de imagem em particular, Fink consegue demonstrar a medialidade característica da redução, verdadeiro centro operativo da fenomenologia. Essa função medial — situada, como uma janela, entre o âmbito mundano e a esfera transcendental — será um elemento fundamental tanto para o desenvolvimento da fenomenologia constitutiva de Husserl e suas análises sobre a história transcendental, quanto para a teoria transcendental do método e sua tematização pelo pensamento fenomenológico in fieri, bem como para a declinação meôntica da fenomenologia proposta por Fink. Neste sentido, a operação da redução será radicalizada numa performance que pretende “fissurar” a “superfície da vida transcendental” (ou seja: a esfera mundana da vida natural), criando aí uma abertura ao transcendental. A partir deste topos medial, o espectador transcendental se torna, portanto, uma espécie de panopticum “não envolvido” e “imparcial” do jogo da constituição, o qual ele pode enxergar através da janela aberta pela redução entre o âmbito natural e o transcendental como um imenso espetáculo. O espetáculo da “ontogênese” transcendental — anteriormente escondida uma latência anônima, sepultada na profundidade de um esquecimento “antigo como o mundo” — apresenta-se entre a subjetividade constituinte transcendental e seu produto final: a finitude, a correlação experiencial constituída entre ser humano e mundo. Finalmente, retomando as sugestões implicadas no fenômeno da imagem, as conclusões traçam um paralelismo com os famosos Cortes de Luciano Fontana, obras de arte performativa que, substituindo a represented spatiality por uma acted spatiality, rompem com o espaço “natural” e tradicional da imagem (o espaço da mimesis e da representação) para adentrar, através da criação de uma cesura, de um corte na superfície da imagem, o infinito.https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/25218fenomenologiaredução, performativomedialidadejanela.
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