Famílias, gênero e hospitalizações psiquiátricas compulsórias
RESUMO Objetivo: Os papéis relacionados a cuidados nos grupos familiares têm sido, historicamente, uma atribuição de mulheres. Este artigo aborda as especificidades de gênero no cuidado com pacientes no contexto de avaliações por demandas de hospitalizações psiquiátricas compulsórias, a fim de veri...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
2022-11-01
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Series: | Jornal Brasileiro de Psiquiatria |
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description | RESUMO Objetivo: Os papéis relacionados a cuidados nos grupos familiares têm sido, historicamente, uma atribuição de mulheres. Este artigo aborda as especificidades de gênero no cuidado com pacientes no contexto de avaliações por demandas de hospitalizações psiquiátricas compulsórias, a fim de verificar se, nesse contexto, as tarefas de cuidado são, ainda, atribuídas predominantemente a mulheres. Métodos: Este é um estudo observacional, descritivo, de casos múltiplos, que acompanhou 80 atendimentos de famílias em avaliações em processos de hospitalização psiquiátrica compulsória de junho de 2020 a fevereiro de 2022, no município de Alvorada-RS. Resultados: Mulheres estiveram diretamente envolvidas, como requerentes, em 78% dos casos. Em apenas 18 atendimentos não havia mulheres presentes como acompanhantes, mas 14 desses casos não tiveram qualquer rede familiar ou social identificada. A participação predominante de mulheres não pode ser associada à renda do familiar e nem a características dos pacientes ou de sua condição clínica. Em análise de entrevistas de seguimento com familiares, reitera-se que o ato de cuidar se mantém atribuído às mulheres. O acúmulo de papéis a serem desempenhados também foi evidenciado. Conclusões: A delegação do cuidado gera sobrecarga nas mulheres, gerando sentimentos como medo, apreensão e insegurança. Capacitação e sensibilização de equipes para um olhar sistêmico e de gênero, propondo ativamente a inclusão de demais familiares e redistribuição de tarefas, parece fazer parte das possibilidades de cuidado com quem cuida também nesse contexto. |
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publishDate | 2022-11-01 |
publisher | Universidade Federal do Rio de Janeiro |
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series | Jornal Brasileiro de Psiquiatria |
spelling | doaj.art-d7cd70ef925145eb97fd89bcbeff1ba12022-12-22T03:44:21ZengUniversidade Federal do Rio de JaneiroJornal Brasileiro de Psiquiatria1982-02082022-11-0171430331010.1590/0047-2085000000392Famílias, gênero e hospitalizações psiquiátricas compulsóriasRogério Lessa Hortahttps://orcid.org/0000-0001-5195-8014Thaís Caroline Guedes Lucinihttps://orcid.org/0000-0001-8474-5875Laura de Brizola Perdonssinihttps://orcid.org/0000-0003-3072-6067Talia Greici Settehttps://orcid.org/0000-0002-4478-0761Dalton Guimarãeshttps://orcid.org/0000-0002-8814-6375Natacha Rocha Guterreshttps://orcid.org/0000-0003-1671-721XGabriela Roldo Tieppohttps://orcid.org/0000-0003-0416-4726Ana Laura Eggershttps://orcid.org/0000-0002-0761-3526Luíza de Souza Dalpiazhttps://orcid.org/0000-0003-2101-1959Marlene Neves Streyhttps://orcid.org/0000-0003-3030-5668RESUMO Objetivo: Os papéis relacionados a cuidados nos grupos familiares têm sido, historicamente, uma atribuição de mulheres. Este artigo aborda as especificidades de gênero no cuidado com pacientes no contexto de avaliações por demandas de hospitalizações psiquiátricas compulsórias, a fim de verificar se, nesse contexto, as tarefas de cuidado são, ainda, atribuídas predominantemente a mulheres. Métodos: Este é um estudo observacional, descritivo, de casos múltiplos, que acompanhou 80 atendimentos de famílias em avaliações em processos de hospitalização psiquiátrica compulsória de junho de 2020 a fevereiro de 2022, no município de Alvorada-RS. Resultados: Mulheres estiveram diretamente envolvidas, como requerentes, em 78% dos casos. Em apenas 18 atendimentos não havia mulheres presentes como acompanhantes, mas 14 desses casos não tiveram qualquer rede familiar ou social identificada. A participação predominante de mulheres não pode ser associada à renda do familiar e nem a características dos pacientes ou de sua condição clínica. Em análise de entrevistas de seguimento com familiares, reitera-se que o ato de cuidar se mantém atribuído às mulheres. O acúmulo de papéis a serem desempenhados também foi evidenciado. Conclusões: A delegação do cuidado gera sobrecarga nas mulheres, gerando sentimentos como medo, apreensão e insegurança. Capacitação e sensibilização de equipes para um olhar sistêmico e de gênero, propondo ativamente a inclusão de demais familiares e redistribuição de tarefas, parece fazer parte das possibilidades de cuidado com quem cuida também nesse contexto.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852022000400303&tlng=ptGêneromulheressaúde mentalcompulsóriafamílias |
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