Summary: | Este artigo flagra a gênese jornalístico-textual do que ficou conhecido no Brasil como romancereportagem, “ciclo” editorial iniciado pela editora Civilização Brasileira em 1975. Busca demonstrar, por meio de amostragem e análise de material textual inédito em pesquisas, que O Caso Lou, o primeiro romance-reportagem, possui vínculo estreitíssimo com a cobertura realizada por uma das principais revistas brasileiras daquele período, a Manchete. Tal associação, aliás, é mais direta do que se pode supor, pois as reportagens publicadas por Carlos Heitor Cony foram “transpostas”, com pequenas modificações, para a publicação no livro que deflagrou o romance-reportagem. Tal relação estreita não implica, todavia, equivalência semântica, uma vez que os distintos suportes e
materialidades editoriais de cada veículo participam profundamente da construção de seus
significados. A análise foi orientada pelos conceitos de mediação editorial e materialidade textual de
Roger Chartier, os quais ensejaram como procedimento metodológico cotejo entre o material
jornalístico e o romance-reportagem.
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