Do oriente ao ocidente: “aculturação” do espaço sócio-cultural brasileiro em Gilberto Freyre

Com a iminência da sociedade burguesa ocidental, oriunda das revoluções francesa e industrial, o Oriente passa a ter uma nova abordagem. Guinado por discurso centralizador ocidental, o Oriente deixa de ser uma terra exótica, rica e encantadora para se tornar sinônimo de atraso e inanição. Isso porqu...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Jóe José Dias
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Santa Catarina 2007-07-01
Series:Anuário de Literatura
Online Access:https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/5446
Description
Summary:Com a iminência da sociedade burguesa ocidental, oriunda das revoluções francesa e industrial, o Oriente passa a ter uma nova abordagem. Guinado por discurso centralizador ocidental, o Oriente deixa de ser uma terra exótica, rica e encantadora para se tornar sinônimo de atraso e inanição. Isso porque os ocidentalistas pretendem apagar tudo quanto é vestígio de orientalismo nos países ocidentais. Aplicando esse pressuposto ao Brasil veremos, contudo, que essa mudança não se deu de maneira tão simples, pois muitos dos costumes e viveres da sociedade brasileira até o início do século XIX eram à luz do Oriente. Somente com a vinda da Corte portuguesa em 1806 a situação começa a mudar, contudo lentamente ainda. Incentivado pela Inglaterra, Portugal parte para uma investida no sentido de expurgar tudo o que lembre a oriental na sua colônia americana. O próprio sistema colonial, calçado na família e no patriarcalismo explorador, fica comprometido, na medida em que passa a ser substituído, pouco a pouco, por um sistema burguês individualista não menos explorador. Dotando-se de Freyre, Said, Foucault, Candido, dentre outros, retomo esse conflito entre Ocidente e Oriente, transportando-o para a esfera literária, intuindo comprovar que a figura do caipira lobatiano foi, de certa forma, ocidentalizada, mesmo com as mudanças de foco que fizeram com que o Jeca passasse de um preguiçoso para vítima do sistema capitalista.
ISSN:1414-5235
2175-7917