Summary: | Plenitude. O termo muitas vezes utilizado para designar a característica primordial da criação do primeiro homem, a partir do mito da cosmogonia cristã, não pode ser igualmente atribuído à sua correspondente, a mulher. De fato, a teologia cristã - representada fundamentalmente pela patrística - esforçou-se por mantê-la sempre em segundo lugar, submissa e silenciada, por toda a história do Ocidente. Contudo, a partir dos movimentos em prol dos direitos das mulheres, a estrutura social derivada do mito de Adão e Eva passa a ser revista e reinterpretada à luz do desejo pela equidade. É diante desse cenário que Edith Stein (1891-1942), uma das primeiras doutoras em Filosofia da Alemanha, reescreve a interpretação de Eva, fundando uma nova linha argumentativa acerca da natureza feminina. A carmelita ultrapassa a teologia dos primeiros padres ao desfazer a imanência da natureza, inserindo a variável do tempo à definição da natureza dos gêneros. Ater o olhar à obra de Stein pode revelar novas vias teológicas para atualizar a discussão diante das questões da contemporaneidade. Seria o suficiente, contudo, para recomeçar a história das mulheres na teologia?
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