A arte diante do mal radical

O objeto principal de discussão deste ensaio é a aquisição, para o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, de um conjunto de fotos de identidade de civis mantidos em campos de extermínio pelo regime de Pol Pot (líder do Khmer Vermelho cambojano entre 1975 e 1979 e responsável pelo massacre s...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Thierry De Duve, Juliana Moreira
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2009-06-01
Series:ARS
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-53202009000100005
Description
Summary:O objeto principal de discussão deste ensaio é a aquisição, para o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, de um conjunto de fotos de identidade de civis mantidos em campos de extermínio pelo regime de Pol Pot (líder do Khmer Vermelho cambojano entre 1975 e 1979 e responsável pelo massacre sistemático de milhares de civis durante esse período), feitas por um jovem a serviço do governo, especialmente treinado na prática fotográfica para tal fim. Tratava-se, conforme relato do jovem, de um ritual burocrático que antecedia a execução sumária dos prisioneiros. O autor argumenta que a exibição pública das fotos em evento cultural e logo sua incorporação ao acervo de um grande museu de arte, em 1997, implicaram a institucionalização e a naturalização dessas imagens como objetos de arte, e denuncia o fracasso, à luz desses dois episódios, dos princípios que serviram tradicionalmente à legitimação humanista da arte e das instituições de arte.<br>The main subject of this essay is The Museum of Modern Art of New York's purchasing an ensemble of identity photographs took by a young servant of Pol Pot's regime (the leader of Cambodian Khmer Rouge between 1975 and 1979, who exterminated thousands of civilians during this period), specially enrolled in a professional training of photography for this purpose. As reported by the youth, he just felt himself as someone engaged in a bureaucratic ritual, previous to the execution of the prisoners. The author argues that the public exhibition of the photos in a cultural event, and then they being incorporated, in 1997, to the permanent collection of an important art museum have carried the institutionalization and the naturalizing of these images into art objects; he also denounces, in the light of these episodes, the failure of the premises which traditionally grounded the humanist legitimization of art and art institution.
ISSN:1678-5320
2178-0447