Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história
Durante os anos de 1930 e 1940, Edison Carneiro, Arthur Ramos e Ruth Landes se encontraram no Candomblé, e por meio do seu diálogo - às vezes antagônico, às vezes amoroso -, transformaram essa religião. Carneiro empregou o Candomblé como um símbolo do Nordeste, Ramos o empregou como um símbolo do Br...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade de São Paulo (USP)
2008-01-01
|
Series: | Revista de Antropologia |
Subjects: | |
Online Access: | http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27302 |
_version_ | 1818229819808153600 |
---|---|
author | J. Lorand Matory |
author_facet | J. Lorand Matory |
author_sort | J. Lorand Matory |
collection | DOAJ |
description | Durante os anos de 1930 e 1940, Edison Carneiro, Arthur Ramos e Ruth Landes se encontraram no Candomblé, e por meio do seu diálogo - às vezes antagônico, às vezes amoroso -, transformaram essa religião. Carneiro empregou o Candomblé como um símbolo do Nordeste, Ramos o empregou como um símbolo do Brasil, e Landes, como um símbolo do feminismo internacional. O debate sobre o significado do Candomblé não foi meramente acadêmico, mas estabeleceu um novo padrão de gênero na liderança dos templos da Bahia. Ao contrário da história convencional, o Candomblé, uma religião que dava espaço igual a sacerdotes masculinos e femininos nos anos de 1930, se transformou, pela primeira vez nas décadas depois do encontro de Ramos, Carneiro e Landes, num matriarcado. No plano teórico e transcultural, este caso mostra que a imaginação das comunidades - inclusive a do Estado-nação - é um processo transnacional. A identidade nacional resulta não apenas da interação entre famílias de nações, mas também da luta entre comunidades superpostas pela autoridade de definir certos símbolos compartilhados - como o sacerdote adé, o homossexual. Esta interação pode mudar as vidas humanas e mesmo o curso da história. |
first_indexed | 2024-12-12T10:24:40Z |
format | Article |
id | doaj.art-e5888cede0f549c19d389b89492c0108 |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 0034-7701 1678-9857 |
language | English |
last_indexed | 2024-12-12T10:24:40Z |
publishDate | 2008-01-01 |
publisher | Universidade de São Paulo (USP) |
record_format | Article |
series | Revista de Antropologia |
spelling | doaj.art-e5888cede0f549c19d389b89492c01082022-12-22T00:27:29ZengUniversidade de São Paulo (USP)Revista de Antropologia0034-77011678-98572008-01-0151110.1590/S0034-77012008000100004Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da históriaJ. Lorand Matory0Universidade de HarvardDurante os anos de 1930 e 1940, Edison Carneiro, Arthur Ramos e Ruth Landes se encontraram no Candomblé, e por meio do seu diálogo - às vezes antagônico, às vezes amoroso -, transformaram essa religião. Carneiro empregou o Candomblé como um símbolo do Nordeste, Ramos o empregou como um símbolo do Brasil, e Landes, como um símbolo do feminismo internacional. O debate sobre o significado do Candomblé não foi meramente acadêmico, mas estabeleceu um novo padrão de gênero na liderança dos templos da Bahia. Ao contrário da história convencional, o Candomblé, uma religião que dava espaço igual a sacerdotes masculinos e femininos nos anos de 1930, se transformou, pela primeira vez nas décadas depois do encontro de Ramos, Carneiro e Landes, num matriarcado. No plano teórico e transcultural, este caso mostra que a imaginação das comunidades - inclusive a do Estado-nação - é um processo transnacional. A identidade nacional resulta não apenas da interação entre famílias de nações, mas também da luta entre comunidades superpostas pela autoridade de definir certos símbolos compartilhados - como o sacerdote adé, o homossexual. Esta interação pode mudar as vidas humanas e mesmo o curso da história.http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27302CandomblégênerohomossexualidadenacionalismotransnacionalismoRuth Landes |
spellingShingle | J. Lorand Matory Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história Revista de Antropologia Candomblé gênero homossexualidade nacionalismo transnacionalismo Ruth Landes |
title | Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história |
title_full | Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história |
title_fullStr | Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história |
title_full_unstemmed | Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história |
title_short | Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história |
title_sort | feminismo nacionalismo e a luta pelo significado do ade no candomble ou como edison carneiro e ruth landes inverteram o curso da historia |
topic | Candomblé gênero homossexualidade nacionalismo transnacionalismo Ruth Landes |
url | http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27302 |
work_keys_str_mv | AT jlorandmatory feminismonacionalismoealutapelosignificadodoadenocandombleoucomoedisoncarneiroeruthlandesinverteramocursodahistoria |