Summary: | Com os estudos sobre práticas de letramento em ambientes multi/hipermidiáticos, tornou-se um desafio repensar teórica e praticamente o ensino de Literatura nas escolas. Sendo assim, o objetivo deste artigo é analisar os deslocamentos e rupturas causadas no trabalho com o texto literário quando inserido dentro de um projeto de construção de uma narrativa transmídia. Trata-se de uma pesquisa-ação realizada com alunos do nono ano do Ensino Fundamental II, cujo projeto constitui-se na leitura e adaptação da obra Senhora para um curta-metragem. Os registros foram coletados por meio de gravações áudio-visuais das aulas e pela escrita de um diário de campo do pesquisador. Ao se contrastar o texto literário com o curta-metragem produzido pelos alunos, atentamonos para as principais diferenças entre as duas obras e com base nos registros coletados em campo, buscou-se analisar o processo de leitura do romance que produziu essas alterações na película. A fundamentação teórica levou em conta os postulados da teoria do sujeito leitor (LANGLADE, 2013; JOUVE, 2013) sobre a leitura subjetiva do texto literário, bem como reflexões baseadas em García-Canclini (1989) sobre os processos de (re)colecionamento. Como resultado, concluímos que a inserção de narrativas transmídia no ensino de Literatura permite que os alunos não somente leiam a obra, como também produzam um novo texto sobre ela, ao relacionar e criar relações intertextuais entre a história criada por José de Alencar com os repertórios de suas coleções de leitura, principalmente aqueles advindos do cinema e da televisão. Dessa forma, a narrativa transmídia produzida pelos alunos rompeu com as vitrines de proteção antes construídas para obra e assegurou a construção de novos sentidos sobre o romance Senhora, o qual foi ressignificado e (re)apropriado pelos alunos.
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