Espondilodiscite Brucélica: Casuística dos Últimos 25 Anos
Introdução: A brucelose é uma zoonose endémica em Portugal, sendo a espondilodiscite brucélica uma das manifestações focais mais frequentes. Pode provocar sequelas graves, apesar da terapêutica dirigida. Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos processos dos doentes com espondilodiscite brucéli...
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Ordem dos Médicos
2014-03-01
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Series: | Acta Médica Portuguesa |
Online Access: | https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/4117 |
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author | Ana Lebre Jorge Velez Diana Seixas Eduardo Rabadão Joaquim Oliveira J. Saraiva da Cunha A. Meliço Silvestre |
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Introdução: A brucelose é uma zoonose endémica em Portugal, sendo a espondilodiscite brucélica uma das manifestações focais
mais frequentes. Pode provocar sequelas graves, apesar da terapêutica dirigida.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos processos dos doentes com espondilodiscite brucélica, internados no Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, num período de 25 anos (1988-2012).
Resultados: Foram identificados 54 doentes, 55,6% do sexo masculino, com idade média de 54,8 anos. Em 81,5% identificou-se contexto epidemiológico, maioritariamente contacto com gado ovino e caprino. A duração da sintomatologia prévia ao diagnóstico foi de 5,5 meses. Os sinais e sintomas mais frequentes foram: dor (98,1%), febre (46,3%) e défices neurológicos (25,9%). A ressonância magnética nuclear da coluna foi o exame imagiológico mais usado (77,8%) evidenciando abcessos em 29,6% dos doentes. A localização
lombar predominou (77,7%). O diagnóstico etiológico foi confirmado em 47 doentes (87,0%): microbiologicamente (3 doentes), serologicamente (32 doentes) ou por ambos (12 doentes). As associações de doxiciclina com rifampicina (64,8%), ou estreptomicina (24,1%) foram as mais utilizadas, com duração média de 4,4 meses de tratamento. Um doente teve indicação cirúrgica para drenar abcesso. A evolução foi maioritariamente favorável (92,6%), sem óbitos.
Discussão: A investigação de contexto epidemiológico revelou ser uma peça importante na suspeita do diagnóstico. O tratamento da brucelose osteoarticular ainda é controverso.
Conclusões: A espondilodiscite brucélica deve ser considerada no diagnóstico diferencial dos doentes com lombalgia, mesmo na
ausência de febre, particularmente em regiões onde a doença é endémica. O esquema antibiótico, sua duração e a necessidade de cirurgia deverão ser individualizados, com vista a um melhor prognóstico. O número de casos tem diminuído ao longo dos anos, facto relacionado com melhor controlo da endemia animal.
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