Comparação dos efeitos de treino de força e endurance em doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica

RESUMO: O objectivo do estudo foi comparar a eficácia do treino de endurance, força e combinação das duas modalidades em doentes com DPOC. Foram estudados 47 doentes com DPOC moderada/grave, com uma média de idades de 66 anos, 41 homens e seis mulheres, com obstrução moderada/grave (FEV 1 ent...

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Main Authors: Francisco Ortega, Javier Toral, Pilar Cejudo Rafael Villagomez, Hildegard Sánchez, José Castillo, Teodoro Montemayor
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2003-01-01
Series:Revista Portuguesa de Pneumologia
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0873215915306541
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description RESUMO: O objectivo do estudo foi comparar a eficácia do treino de endurance, força e combinação das duas modalidades em doentes com DPOC. Foram estudados 47 doentes com DPOC moderada/grave, com uma média de idades de 66 anos, 41 homens e seis mulheres, com obstrução moderada/grave (FEV 1 entre 1.12 e 0.93 previsto â40 % e 33 %) e sem resposta ao broncodilatador. Foram incluídos em três programas de treino de exercício â força, endurance e combinação de forças e endurance. O treino de endurance foi efectuado durante 40 minutos numa bicicleta a 70 % da carga máxima determinada por teste incremental de exercício. Os testes de força incidiram sobre levantamento de cargas â elevação do dorso (chest pull), movimentos de extensão e rotação dos braços (butterfly), extensão do pescoço (neck press), flexão e extensão dos membros inferiores (leg flexion and extension). Os doentes efecturam 4 séries de 6 a 8 repetições destes testes a uma carga entre 60 e 85 % do máximo atingido. O treino combinado consistiu em 20 minutos de treino de bicicleta e 2 séries de 6 a 8 repetições de exercícios de força. O programa foi efectuado no hospital 3 vezes por semana durante 12 semanas. Os doentes foram avaliados no final deste programa após 12 semanas sem treino. A avaliação inicial, no final do programa e às 12 semanas consistiu no teste incremental de exercício, na prova de shuttle, quantificação da dispneia por BDI e questionário respiratório de Guyatt (dimensões-dispneia, fadiga, emoção, capacidade). Os principais resultados foram: ⢠nos testes de função pulmonar não se verificaram diferenças significativas ⢠aumento da distância percorrida na prova de shuttle no grupo-força ⢠melhoria nos parâmetros do exercício cardiopulmonar no grupo-endurance ⢠aumento do tempo de treino de endurance em todos os grupos, maior no grupo-endurance ⢠aumento da carga-força emtodos os grupos, maior no grupo-força ⢠melhoria no score de dispneia em todas as modalidades ⢠melhoria no score total do questionário de Guyatt em todos os grupos, em especial na dimensão dispneia COMENTÃRIOS: A Reabilitação Respiratória é uma modalidade de intervenção terapêutica sempre recomendada no tratamento da DPOC. Com base em estudos randomizados e recomendações de sociedades americanas e inglesas, o GOLD propõe que seja efectuada no doente moderado e grave (estadios II e III), por diminuir a sintomatologia, aumentar a capacidade para o exercício e melhorar a qualidade de vida. No entanto, a reabilitação nem sempre é efectuada, seja por dificuldades logísticas, seja por tardiamente instituída. As recomendações existentes e o GOLD não especificam com clareza quando deve ser instituído o programa (sintomas?, limitação ao exercício?) e se o programa deve ser o mesmo para todos os doentes, independentemente da sua gravidade. Nos programas propostos é sempre o treino de endurance dos membros inferiores (marcha, bicicleta, tapete) que é especialmente recomendado, ficando a interrogação de se existem vantagens em efectuar treino dos membros superiores e músculos respiratórios. O mesmo acontece para as vantagens no treino de força dos diversos grupos musculares em associação com o treino de endurance. Este artigo vem mostrar que a realização de treino de força isolado ou associado ao de endurance melhora a dispneia, a capacidade de exercício e a qualidade de vida. à proposto que em doentes com DPOC moderada/grave, para além do treino de endurance seja incluído um programa de reabilitação o treino de força. A vantagem da inclusão do treino de força poderá passar pela hipertrofia das fibras musculares de tipo II, que estão atrofiadas na DPOC, melhorando a força muscular. Este efeito parece ser relevante para a endurance muscular no exercício, aqui avaliada pelo teste de shuttle e duração do treino de endurance dos membros inferiores. Também o grupo de Mahler4 no início de 2002, publicou uma proposta de programa de exercício para doentes com DPOC que inclui, para além de exercícios de flexibilidade dos diversos grupos musculares, treino de endurance dos membros inferiores e treino de força dos vários grupos musculares dos membros inferiores e superiores. Com a selecção deste artigo pretendo salientar a necessidade de aplicar mais frequentemente programas de reabilitação nos nossos doentes com DPOC moderada e grave e as vantagens que poderão existir na associação do treino de força ao treino de endurance habitualmente efectuado.
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Foram incluídos em três programas de treino de exercício â força, endurance e combinação de forças e endurance. O treino de endurance foi efectuado durante 40 minutos numa bicicleta a 70 % da carga máxima determinada por teste incremental de exercício. Os testes de força incidiram sobre levantamento de cargas â elevação do dorso (chest pull), movimentos de extensão e rotação dos braços (butterfly), extensão do pescoço (neck press), flexão e extensão dos membros inferiores (leg flexion and extension). Os doentes efecturam 4 séries de 6 a 8 repetições destes testes a uma carga entre 60 e 85 % do máximo atingido. O treino combinado consistiu em 20 minutos de treino de bicicleta e 2 séries de 6 a 8 repetições de exercícios de força. O programa foi efectuado no hospital 3 vezes por semana durante 12 semanas. Os doentes foram avaliados no final deste programa após 12 semanas sem treino. A avaliação inicial, no final do programa e às 12 semanas consistiu no teste incremental de exercício, na prova de shuttle, quantificação da dispneia por BDI e questionário respiratório de Guyatt (dimensões-dispneia, fadiga, emoção, capacidade). Os principais resultados foram: ⢠nos testes de função pulmonar não se verificaram diferenças significativas ⢠aumento da distância percorrida na prova de shuttle no grupo-força ⢠melhoria nos parâmetros do exercício cardiopulmonar no grupo-endurance ⢠aumento do tempo de treino de endurance em todos os grupos, maior no grupo-endurance ⢠aumento da carga-força emtodos os grupos, maior no grupo-força ⢠melhoria no score de dispneia em todas as modalidades ⢠melhoria no score total do questionário de Guyatt em todos os grupos, em especial na dimensão dispneia COMENTÃRIOS: A Reabilitação Respiratória é uma modalidade de intervenção terapêutica sempre recomendada no tratamento da DPOC. Com base em estudos randomizados e recomendações de sociedades americanas e inglesas, o GOLD propõe que seja efectuada no doente moderado e grave (estadios II e III), por diminuir a sintomatologia, aumentar a capacidade para o exercício e melhorar a qualidade de vida. No entanto, a reabilitação nem sempre é efectuada, seja por dificuldades logísticas, seja por tardiamente instituída. As recomendações existentes e o GOLD não especificam com clareza quando deve ser instituído o programa (sintomas?, limitação ao exercício?) e se o programa deve ser o mesmo para todos os doentes, independentemente da sua gravidade. Nos programas propostos é sempre o treino de endurance dos membros inferiores (marcha, bicicleta, tapete) que é especialmente recomendado, ficando a interrogação de se existem vantagens em efectuar treino dos membros superiores e músculos respiratórios. O mesmo acontece para as vantagens no treino de força dos diversos grupos musculares em associação com o treino de endurance. Este artigo vem mostrar que a realização de treino de força isolado ou associado ao de endurance melhora a dispneia, a capacidade de exercício e a qualidade de vida. à proposto que em doentes com DPOC moderada/grave, para além do treino de endurance seja incluído um programa de reabilitação o treino de força. A vantagem da inclusão do treino de força poderá passar pela hipertrofia das fibras musculares de tipo II, que estão atrofiadas na DPOC, melhorando a força muscular. Este efeito parece ser relevante para a endurance muscular no exercício, aqui avaliada pelo teste de shuttle e duração do treino de endurance dos membros inferiores. Também o grupo de Mahler4 no início de 2002, publicou uma proposta de programa de exercício para doentes com DPOC que inclui, para além de exercícios de flexibilidade dos diversos grupos musculares, treino de endurance dos membros inferiores e treino de força dos vários grupos musculares dos membros inferiores e superiores. Com a selecção deste artigo pretendo salientar a necessidade de aplicar mais frequentemente programas de reabilitação nos nossos doentes com DPOC moderada e grave e as vantagens que poderão existir na associação do treino de força ao treino de endurance habitualmente efectuado.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0873215915306541
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