Esquizofrenia: papel-chave do Médico de Família e recurso ao internamento em regime compulsivo

Introdução: A esquizofrenia é uma síndroma psiquiátrica caracterizada por alterações cognitivas, comportamentais e emocionais associadas a uma marcada disfunção social. Os doentes com esta patologia não apresentam crítica face à própria doença, o que muitas vezes conduz à falta de adesão à terapê...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: José Eduardo Mendes, Ana Vaz Ferreira, Sofia Morais, Carolina Gil
Format: Article
Language:English
Published: Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar 2015-09-01
Series:Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
Subjects:
Online Access:https://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/11587
Description
Summary:Introdução: A esquizofrenia é uma síndroma psiquiátrica caracterizada por alterações cognitivas, comportamentais e emocionais associadas a uma marcada disfunção social. Os doentes com esta patologia não apresentam crítica face à própria doença, o que muitas vezes conduz à falta de adesão à terapêutica, condicionando descompensação e agravamento do quadro clínico. O internamento em regime compulsivo é uma ferramenta de último recurso para estas situações. Devido à dificuldade de avaliação destes doentes, muitas vezes só através de um acompanhamento de proximidade conseguido pelo médico de família é possível determinar as reais consequências da doença e desta forma permitir o início do tratamento psiquiátrico mais rápido. Descrição do caso: Mulher de 48 anos, divorciada, desempregada, constituindo uma família unitária, com diagnóstico de esquizofrenia desde os 30 anos de idade, que recorre à consulta da sua médica de família por queixas de descompensação do quadro psiquiátrico, com ideação delirante persecutória e interpretações delirantes. Ao longo de quatro meses recorre várias vezes à consulta da sua médica de família pelos mesmos motivos, verificando-se uma deterioração progressiva do seu funcionamento global, tendo a situação evoluído até um estado de agressividade com perigo iminente para si e para os outros. Como mantinha a recusa para se submeter ao necessário tratamento médico, foi contactada a autoridade de saúde para se proceder ao internamento em regime compulsivo. Comentário: A esquizofrenia é uma doença altamente incapacitante. Quando não controlada leva inevitavelmente a agudizações do estado clínico que são difíceis de gerir. A lei portuguesa contempla estes casos e prevê o recurso ao internamento em regime compulsivo. O médico de família tem vários recursos de saúde ao seu dispor e um conhecimento privilegiado do doente e do meio familiar que podem ser usados na gestão eficaz da deterioração psiquiátrica.
ISSN:2182-5181