Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura

A maioria dos cânceres no Brasil é diagnosticada em estádios avançados e, portanto, a sobrevida dos pacientes é baixa, o que significa que há um grande contingente que necessita de cuidados paliativos. Os modelos de cuidados paliativos que têm sido experimentados são centrados nos hospitais que trat...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Nancy Mineko Koseki, Luiz Carlos Zeferino
Format: Article
Language:English
Published: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade 2006-11-01
Series:Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Subjects:
Online Access:https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/27
_version_ 1828044350942085120
author Nancy Mineko Koseki
Luiz Carlos Zeferino
author_facet Nancy Mineko Koseki
Luiz Carlos Zeferino
author_sort Nancy Mineko Koseki
collection DOAJ
description A maioria dos cânceres no Brasil é diagnosticada em estádios avançados e, portanto, a sobrevida dos pacientes é baixa, o que significa que há um grande contingente que necessita de cuidados paliativos. Os modelos de cuidados paliativos que têm sido experimentados são centrados nos hospitais que tratam câncer e a principal restrição é que têm abrangência apenas local, quando a demanda é predominantemente regional. Este estudo teve como objetivo testar um modelo de cuidados paliativos descentralizado com base nos serviços e nos profissionais de saúde que atuam no município, para assistir pacientes com câncer ginecológico e/ou mamário sem possibilidade de cura, em parceria com o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (CAISM). Este foi um estudo descritivo qualitativo que seguiu as diretrizes de uma pesquisa de desenvolvimento. A expectativa era de que os municípios adquirissem a resolutividade correspondente ao nível primário, tendo o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher como referência para as condições que exigissem cuidados de maior complexidade. Os municípios que demonstraram interesse e aceitaram a proposta foram Amparo, Atibaia, Indaiatuba, Mogi-Mirim, São João da Boa Vista e São José do Rio Pardo. A estratégia de implementação incluiu a capacitação prévia dos profissionais e a realizações de reuniões específicas em cada município, a fim de buscar respaldo político e estratégico para a implementação dessas atividades. Como os dados foram coletados na forma de conversação, a análise compreendeu: preparação e descrição do material bruto; redução de dados; codificação; análise vertical e transversal. O modelo foi operacionalizado nos municípios de Amparo, Atibaia, Indaiatuba e São José do Rio Pardo. Houve incremento de resolutividade e percepção positiva dos efeitos biopsicossociais em relação às pacientes e familiares, sob o ponto de vista dos profissionais de saúde e familiares. A falta de decisão política-institucional parece ter sido o principal componente nos municípios onde o modelo não foi operacionalizado, que foi representado pela ausência do gestor municipal nas reuniões locais. Houve carência de recursos colocados à disposição e descontinuidade das atividades. A falta de profissional médico na equipe restringiu a resolutividade clínica. A extensão dos cuidados paliativos a pacientes com outros cânceres e outras doenças pareceu otimizar o trabalho da equipe e racionalizar os recursos envolvidos, aumentando a cobertura das ações. O Programa de Saúde da Família atuou como facilitador. A motivação e a iniciativa dos profissionais podem ser consideradas como condições necessárias para o bom desempenho do modelo, devido a grande necessidade de se atuar com criatividade diante de um ambiente cujos fatores e problemas extrapolam, e muito, aqueles relacionados à saúde. A educação continuada é necessária para a qualificação profissional. Portanto, o modelo é viável no âmbito da gestão municipal. O reconhecimento da descentralização dos serviços de saúde no processo na organização do Sistema Único de Saúde coloca os municípios como parceiros privilegiados e, ao mesmo tempo, obrigatórios na descentralização das ações de cuidados paliativos para pacientes com câncer incurável.
first_indexed 2024-04-10T17:54:33Z
format Article
id doaj.art-e98ecc62e8ca4921b61bd3f97f654cd9
institution Directory Open Access Journal
issn 1809-5909
2179-7994
language English
last_indexed 2024-04-10T17:54:33Z
publishDate 2006-11-01
publisher Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
record_format Article
series Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
spelling doaj.art-e98ecc62e8ca4921b61bd3f97f654cd92023-02-02T19:10:36ZengSociedade Brasileira de Medicina de Família e ComunidadeRevista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade1809-59092179-79942006-11-012525Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de curaNancy Mineko KosekiLuiz Carlos ZeferinoA maioria dos cânceres no Brasil é diagnosticada em estádios avançados e, portanto, a sobrevida dos pacientes é baixa, o que significa que há um grande contingente que necessita de cuidados paliativos. Os modelos de cuidados paliativos que têm sido experimentados são centrados nos hospitais que tratam câncer e a principal restrição é que têm abrangência apenas local, quando a demanda é predominantemente regional. Este estudo teve como objetivo testar um modelo de cuidados paliativos descentralizado com base nos serviços e nos profissionais de saúde que atuam no município, para assistir pacientes com câncer ginecológico e/ou mamário sem possibilidade de cura, em parceria com o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (CAISM). Este foi um estudo descritivo qualitativo que seguiu as diretrizes de uma pesquisa de desenvolvimento. A expectativa era de que os municípios adquirissem a resolutividade correspondente ao nível primário, tendo o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher como referência para as condições que exigissem cuidados de maior complexidade. Os municípios que demonstraram interesse e aceitaram a proposta foram Amparo, Atibaia, Indaiatuba, Mogi-Mirim, São João da Boa Vista e São José do Rio Pardo. A estratégia de implementação incluiu a capacitação prévia dos profissionais e a realizações de reuniões específicas em cada município, a fim de buscar respaldo político e estratégico para a implementação dessas atividades. Como os dados foram coletados na forma de conversação, a análise compreendeu: preparação e descrição do material bruto; redução de dados; codificação; análise vertical e transversal. O modelo foi operacionalizado nos municípios de Amparo, Atibaia, Indaiatuba e São José do Rio Pardo. Houve incremento de resolutividade e percepção positiva dos efeitos biopsicossociais em relação às pacientes e familiares, sob o ponto de vista dos profissionais de saúde e familiares. A falta de decisão política-institucional parece ter sido o principal componente nos municípios onde o modelo não foi operacionalizado, que foi representado pela ausência do gestor municipal nas reuniões locais. Houve carência de recursos colocados à disposição e descontinuidade das atividades. A falta de profissional médico na equipe restringiu a resolutividade clínica. A extensão dos cuidados paliativos a pacientes com outros cânceres e outras doenças pareceu otimizar o trabalho da equipe e racionalizar os recursos envolvidos, aumentando a cobertura das ações. O Programa de Saúde da Família atuou como facilitador. A motivação e a iniciativa dos profissionais podem ser consideradas como condições necessárias para o bom desempenho do modelo, devido a grande necessidade de se atuar com criatividade diante de um ambiente cujos fatores e problemas extrapolam, e muito, aqueles relacionados à saúde. A educação continuada é necessária para a qualificação profissional. Portanto, o modelo é viável no âmbito da gestão municipal. O reconhecimento da descentralização dos serviços de saúde no processo na organização do Sistema Único de Saúde coloca os municípios como parceiros privilegiados e, ao mesmo tempo, obrigatórios na descentralização das ações de cuidados paliativos para pacientes com câncer incurável.https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/27CâncerTratamento paliativo
spellingShingle Nancy Mineko Koseki
Luiz Carlos Zeferino
Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura
Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Câncer
Tratamento paliativo
title Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura
title_full Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura
title_fullStr Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura
title_full_unstemmed Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura
title_short Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura
title_sort descentralizacao do atendimento a pacientes com cancer avancado sem possibilidade de cura
topic Câncer
Tratamento paliativo
url https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/27
work_keys_str_mv AT nancyminekokoseki descentralizacaodoatendimentoapacientescomcanceravancadosempossibilidadedecura
AT luizcarloszeferino descentralizacaodoatendimentoapacientescomcanceravancadosempossibilidadedecura