LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA

Objetivo: Relatar o caso de uma criança diagnosticada com Linfohistiocitose Hemofagocítica secundária a Leishmaniose visceral em Hospital Pediátrico no Sul da Bahia. Material e métodos: Estudo retrospectivo, tipo relato de caso, com revisão de prontuário. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, t...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: EO Braga, ACA Mendes, JBB Macedo, MEFD Santos, NT Carmo, RS Guerra, RQS Póvoas, TCC Fonseca
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923012117
_version_ 1797654933632188416
author EO Braga
ACA Mendes
JBB Macedo
MEFD Santos
NT Carmo
RS Guerra
RQS Póvoas
TCC Fonseca
author_facet EO Braga
ACA Mendes
JBB Macedo
MEFD Santos
NT Carmo
RS Guerra
RQS Póvoas
TCC Fonseca
author_sort EO Braga
collection DOAJ
description Objetivo: Relatar o caso de uma criança diagnosticada com Linfohistiocitose Hemofagocítica secundária a Leishmaniose visceral em Hospital Pediátrico no Sul da Bahia. Material e métodos: Estudo retrospectivo, tipo relato de caso, com revisão de prontuário. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, treze meses, previamente hígida, apresentou constipação há quinze dias da admissão, com tenesmo e escape fecal. A genitora alegou febre diária (38°), há um mês, refratária ao uso de antitérmico, associada à anorexia e irritabilidade. Possuía caderneta vacinal atualizada e sem contactantes doentes. Ao exame físico, havia linfonodo palpável em região cervical posterior direita, medindo 1 cm, indolor e fibroelástico, além de distensão abdominal e hepatoesplenomegalia. Em exames laboratoriais: Hb: 9 g/dL; Leucócitos: 5500 mm3; Plaquetas: 52000 mm3; Ferritina: > 1500 μg/L; Triglicérides: 467 mg/dL; LDH 3441 UI/L; sorologia IgG positiva para Citomegalovírus, Epstein-Barr Vírus e Herpes Vírus. Ademais, o mielograma demonstrou hemofagocitose, preenchendo critérios para Linfohistiocitose Hemofagocítica. Iniciou-se o tratamento, com Dexametasona (10 mg/m2) e Etoposídeo (150 mg/m2), baseado no protocolo HLH 2004 (Treatment Protocol of the Second International HLH Study 2004). Após duas semanas, houve piora clínica, com anemia e neutropenia. Ampliando a investigação de possíveis etiologias infecciosas, revelou anticorpos IgM positivo e IgG negativo para Leishmania sp., e o mielograma evidenciou o protozoário em medula óssea. Devido a isso, foram realizados três ciclos de Anfotericina Lipossomal, sem resolução. Introduziu-se Itraconazol ao tratamento com prazo indeterminado, com melhora clínica. A paciente, atualmente, continua o protocolo de HLH, estável clinicamente. Discussão: A Linfohistiocitose Hemofagocítica (HLH) é uma doença rara, caracterizada por um estado hiperinflamatório e ineficaz. Em sua forma secundária, a infecção é o gatilho mais frequente, destacando-se o vírus Epstein-Barr, a Leishmania sp. e o Plasmodium. Na Bahia, a Leishmaniose visceral é uma doença endêmica, sendo um diagnóstico diferencial importante nos casos de febre, hepatoesplenomegalia, anemia e imunossupressão. O diagnóstico da HLH é baseado no preenchimento de pelo menos cinco critérios, dentre eles: febre, esplenomegalia, duas ou mais citopenias, hipertrigliceridemia e/ou hipofibrinogenemia, hemofagocitose, atividade baixa das células NK, hiperferritinemia e CD25 elevado. A investigação deve abranger estudos laboratoriais, mielograma, exames de imagem e biópsia de qualquer acho suspeito. O tratamento da HLH deve ser associado a resolução imediata de qualquer gatilho subjacente identificado, baseado em uso de glicocorticóide, etoposídeo, e em casos refratários, pode ser necessário o transplante alogênico. Conclusão: A Linfohistiocitose Hemofagocítica pediátrica continua sendo um desafio, mesmo com os avanços diagnósticos e terapêuticos atuais. Desse modo, conhecer esta condição e suas etiologias, bem como as doenças regionais mais prevalentes, é essencial para identificação e início precoce do tratamento adequado das afecções, garantindo melhor prognóstico ao paciente.
first_indexed 2024-03-11T17:06:50Z
format Article
id doaj.art-eb7860da0dd84ae2a616e52688bc4cc7
institution Directory Open Access Journal
issn 2531-1379
language English
last_indexed 2024-03-11T17:06:50Z
publishDate 2023-10-01
publisher Elsevier
record_format Article
series Hematology, Transfusion and Cell Therapy
spelling doaj.art-eb7860da0dd84ae2a616e52688bc4cc72023-10-20T06:44:42ZengElsevierHematology, Transfusion and Cell Therapy2531-13792023-10-0145S564S565LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIAEO Braga0ACA Mendes1JBB Macedo2MEFD Santos3NT Carmo4RS Guerra5RQS Póvoas6TCC Fonseca7Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA, BrasilUniversidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA, BrasilUniversidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA, BrasilUniversidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA, BrasilUniversidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA, BrasilGrupo de Apoio à Criança com Câncer - Sul da Bahia (GACC), Ilhéus, BA, BrasilGrupo de Apoio à Criança com Câncer - Sul da Bahia (GACC), Ilhéus, BA, BrasilGrupo de Apoio à Criança com Câncer - Sul da Bahia (GACC), Ilhéus, BA, BrasilObjetivo: Relatar o caso de uma criança diagnosticada com Linfohistiocitose Hemofagocítica secundária a Leishmaniose visceral em Hospital Pediátrico no Sul da Bahia. Material e métodos: Estudo retrospectivo, tipo relato de caso, com revisão de prontuário. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, treze meses, previamente hígida, apresentou constipação há quinze dias da admissão, com tenesmo e escape fecal. A genitora alegou febre diária (38°), há um mês, refratária ao uso de antitérmico, associada à anorexia e irritabilidade. Possuía caderneta vacinal atualizada e sem contactantes doentes. Ao exame físico, havia linfonodo palpável em região cervical posterior direita, medindo 1 cm, indolor e fibroelástico, além de distensão abdominal e hepatoesplenomegalia. Em exames laboratoriais: Hb: 9 g/dL; Leucócitos: 5500 mm3; Plaquetas: 52000 mm3; Ferritina: > 1500 μg/L; Triglicérides: 467 mg/dL; LDH 3441 UI/L; sorologia IgG positiva para Citomegalovírus, Epstein-Barr Vírus e Herpes Vírus. Ademais, o mielograma demonstrou hemofagocitose, preenchendo critérios para Linfohistiocitose Hemofagocítica. Iniciou-se o tratamento, com Dexametasona (10 mg/m2) e Etoposídeo (150 mg/m2), baseado no protocolo HLH 2004 (Treatment Protocol of the Second International HLH Study 2004). Após duas semanas, houve piora clínica, com anemia e neutropenia. Ampliando a investigação de possíveis etiologias infecciosas, revelou anticorpos IgM positivo e IgG negativo para Leishmania sp., e o mielograma evidenciou o protozoário em medula óssea. Devido a isso, foram realizados três ciclos de Anfotericina Lipossomal, sem resolução. Introduziu-se Itraconazol ao tratamento com prazo indeterminado, com melhora clínica. A paciente, atualmente, continua o protocolo de HLH, estável clinicamente. Discussão: A Linfohistiocitose Hemofagocítica (HLH) é uma doença rara, caracterizada por um estado hiperinflamatório e ineficaz. Em sua forma secundária, a infecção é o gatilho mais frequente, destacando-se o vírus Epstein-Barr, a Leishmania sp. e o Plasmodium. Na Bahia, a Leishmaniose visceral é uma doença endêmica, sendo um diagnóstico diferencial importante nos casos de febre, hepatoesplenomegalia, anemia e imunossupressão. O diagnóstico da HLH é baseado no preenchimento de pelo menos cinco critérios, dentre eles: febre, esplenomegalia, duas ou mais citopenias, hipertrigliceridemia e/ou hipofibrinogenemia, hemofagocitose, atividade baixa das células NK, hiperferritinemia e CD25 elevado. A investigação deve abranger estudos laboratoriais, mielograma, exames de imagem e biópsia de qualquer acho suspeito. O tratamento da HLH deve ser associado a resolução imediata de qualquer gatilho subjacente identificado, baseado em uso de glicocorticóide, etoposídeo, e em casos refratários, pode ser necessário o transplante alogênico. Conclusão: A Linfohistiocitose Hemofagocítica pediátrica continua sendo um desafio, mesmo com os avanços diagnósticos e terapêuticos atuais. Desse modo, conhecer esta condição e suas etiologias, bem como as doenças regionais mais prevalentes, é essencial para identificação e início precoce do tratamento adequado das afecções, garantindo melhor prognóstico ao paciente.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923012117
spellingShingle EO Braga
ACA Mendes
JBB Macedo
MEFD Santos
NT Carmo
RS Guerra
RQS Póvoas
TCC Fonseca
LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
title LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA
title_full LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA
title_fullStr LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA
title_full_unstemmed LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA
title_short LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO EM PEDIATRIA
title_sort linfohistiocitose hemofagocitica secundaria a leishmaniose visceral relato de caso em pediatria
url http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923012117
work_keys_str_mv AT eobraga linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT acamendes linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT jbbmacedo linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT mefdsantos linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT ntcarmo linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT rsguerra linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT rqspovoas linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria
AT tccfonseca linfohistiocitosehemofagociticasecundariaaleishmaniosevisceralrelatodecasoempediatria