Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho
A nossa alegria chegou (2018) de Alexandra Lucas Coelho é um romance que se posiciona num horizonte de expectativas face ao impacto negativo da ação humana no planeta na era do Antropoceno. Alendabar, espaço totalmente criado ab novo e que não corresponde a nenhuma área geográfica identificável, re...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Associação Internacional de Lusitanistas
2021-05-01
|
Series: | Veredas |
Subjects: | |
Online Access: | https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/564 |
_version_ | 1797347582657167360 |
---|---|
author | Margarida Rendeiro |
author_facet | Margarida Rendeiro |
author_sort | Margarida Rendeiro |
collection | DOAJ |
description |
A nossa alegria chegou (2018) de Alexandra Lucas Coelho é um romance que se posiciona num horizonte de expectativas face ao impacto negativo da ação humana no planeta na era do Antropoceno. Alendabar, espaço totalmente criado ab novo e que não corresponde a nenhuma área geográfica identificável, reifica o impacto da destruição ambiental a que se soma a desumanização resultante de um capitalismo antropofágico e voraz. Esta desumanização concretiza-se, por um lado, na coisificação dos trabalhadores e, por outro lado, na incapacidade de quem detém o poder de sentir empatia pelo seu semelhante. Este artigo discute que, em A nossa alegria chegou, esta violência apenas pode ser combatida por outras formas de violência que são, em si mesmas, essencialmente regeneradoras. A destruição infligida em Alendabar constrói-se literariamente sobre memórias da exploração, do colonialismo e da opressão que estão presentes na experiência do Sul Global, desenhado e intuído a partir da linha do equinócio. Nas reminiscências de visões ancestrais e de experiências de saberes vividos no sul, resgata-se o valor humano expresso em toda a sua plenitude através de uma revolução radical e violenta, mas regeneradora sob memória simbólica da antropofagia ritualística. Eduardo Viveiros de Castro (2002) afirmou que a antropofagia de Oswald de Andrade é uma reflexão metacultural que produziu uma teoria verdadeiramente revolucionária. Em A nossa alegria chegou, é através das imagens dos corpos devorados e libertos que se chega à ressignificação do antropos como parte da utopia do amor físico, real e inteiro.
|
first_indexed | 2024-03-08T11:49:54Z |
format | Article |
id | doaj.art-ebca8dcf12d94af09d7cf9875d71a19d |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 2183-816X |
language | English |
last_indexed | 2024-03-08T11:49:54Z |
publishDate | 2021-05-01 |
publisher | Associação Internacional de Lusitanistas |
record_format | Article |
series | Veredas |
spelling | doaj.art-ebca8dcf12d94af09d7cf9875d71a19d2024-01-24T13:54:54ZengAssociação Internacional de LusitanistasVeredas2183-816X2021-05-013310.24261/2183-816x0733Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas CoelhoMargarida Rendeiro0Universidade Lusíada de Lisboa A nossa alegria chegou (2018) de Alexandra Lucas Coelho é um romance que se posiciona num horizonte de expectativas face ao impacto negativo da ação humana no planeta na era do Antropoceno. Alendabar, espaço totalmente criado ab novo e que não corresponde a nenhuma área geográfica identificável, reifica o impacto da destruição ambiental a que se soma a desumanização resultante de um capitalismo antropofágico e voraz. Esta desumanização concretiza-se, por um lado, na coisificação dos trabalhadores e, por outro lado, na incapacidade de quem detém o poder de sentir empatia pelo seu semelhante. Este artigo discute que, em A nossa alegria chegou, esta violência apenas pode ser combatida por outras formas de violência que são, em si mesmas, essencialmente regeneradoras. A destruição infligida em Alendabar constrói-se literariamente sobre memórias da exploração, do colonialismo e da opressão que estão presentes na experiência do Sul Global, desenhado e intuído a partir da linha do equinócio. Nas reminiscências de visões ancestrais e de experiências de saberes vividos no sul, resgata-se o valor humano expresso em toda a sua plenitude através de uma revolução radical e violenta, mas regeneradora sob memória simbólica da antropofagia ritualística. Eduardo Viveiros de Castro (2002) afirmou que a antropofagia de Oswald de Andrade é uma reflexão metacultural que produziu uma teoria verdadeiramente revolucionária. Em A nossa alegria chegou, é através das imagens dos corpos devorados e libertos que se chega à ressignificação do antropos como parte da utopia do amor físico, real e inteiro. https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/564Alexandra Lucas CoelhorevoluçãomemóriautopiaAtlântico Sul |
spellingShingle | Margarida Rendeiro Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho Veredas Alexandra Lucas Coelho revolução memória utopia Atlântico Sul |
title | Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho |
title_full | Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho |
title_fullStr | Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho |
title_full_unstemmed | Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho |
title_short | Da desumanização à criação: a revolução no antropoceno em A nossa alegria chegou, de Alexandra Lucas Coelho |
title_sort | da desumanizacao a criacao a revolucao no antropoceno em a nossa alegria chegou de alexandra lucas coelho |
topic | Alexandra Lucas Coelho revolução memória utopia Atlântico Sul |
url | https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/564 |
work_keys_str_mv | AT margaridarendeiro dadesumanizacaoacriacaoarevolucaonoantropocenoemanossaalegriachegoudealexandralucascoelho |