LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E MORBIMORTALIDADE NO BRASIL

Introdução: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa que acomete pele e/ou mucosas, causada por protozoários do gênero Leishmania, considerada uma doença tropical negligenciada e com alta incidência nacional. Transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos,...

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Bibliographic Details
Main Author: Vinicius Nascimento dos Santos
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Brazilian Journal of Infectious Diseases
Subjects:
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867023008115
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description Introdução: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa que acomete pele e/ou mucosas, causada por protozoários do gênero Leishmania, considerada uma doença tropical negligenciada e com alta incidência nacional. Transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos, principalmente do gênero Lutzomyia. Objetivo: Evidenciar o cenário epidemiológico dos casos de LTA no Brasil. Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo, baseado em dados de casos confirmados de LTA no Brasil, obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação e no Sistema de Informações Hospitalares do SUS, de 2013 a 2022. Resultados: No período, foram notificados 179.145 casos de LTA no Brasil. O Norte, Nordeste e o Centro-Oeste foram responsáveis, respectivamente, por 46,5%, 25,1% e 15,1% dos casos. Já os estados com mais casos foram Pará (17,8%), Mato Grosso (11,6%), Bahia (11,0%), Maranhão (8,4%) e Amazonas (8,3%). Destes, 94,6% foram casos novos, sendo os demais, por exemplo, recidiva. Quanto à forma clínica da LTA, 94,1% foram classificadas como cutânea. Sobre o perfil dos indivíduos, 73,5% eram do sexo masculino, 75,7% pardos/pretos e 64,8% tinham entre 20 e 59 anos e 63,9% tinham menos de 8 anos de estudo. Entre as mulheres com idade fértil, 1,9% estavam grávidas. Em 80,7% dos casos foi utilizado o critério clínico-laboratorial para confirmação. Quanto ao desfecho dos casos de LTA, 94,0% evoluíram com cura e 3,5% com abandono ao tratamento. Por fim, no período, 6.113 casos necessitaram de internamento. No país, a média de permanência na unidade hospitalar e a taxa de mortalidade foram, nessa ordem, 13,7 dias e 1,1 (por 100.000 habitantes), enquanto, nas regiões Norte e Nordeste foram de 13,5 e 14,1 dias e taxas de 1,1 e 1,7. Entre 2013 e 2022, os custos com estas hospitalizações totalizaram R$ 2.684.589,22. Conclusão: Destaca-se o número expressivo de casos de LTA no Brasil, principalmente no Norte e Nordeste. Por se tratar de casos novos, em sua maioria, tal fato se traduz como falha na quebra da cadeia transmissão da LTA. Ressalta-se a predominância do sexo masculino, indivíduos pardos/pretos e com pouca instrução, sugerindo um conjunto de vulnerabilidades. Diante desse panorama, é imprescindível a implementação das políticas de combate à LV, de modo a potencializar a adoção de medidas de proteção individual, controle ambiental e do vetor, bem como o diagnóstico precoce e tratamento adequado, visando reduzir a morbimortalidade.
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