Summary: | Porque, ao ser a mesma de sempre, a saúde não é menos do que exigência de mudança radical na economia, na política e na cultura.
No ano de 1948, a Organização Mundial de Saúde viu incluída na sua carta constitutiva uma definição de saúde como «um elevado padrão de saúde física, mental e bem-estar e não apenas a ausência de doença». Coerentemente, concretizou essa visão ambiciosa no Programa Saúde para Todos até 2000, enfatizando aí a redistribuição dos recursos mundiais para a saúde e a transformação de gastos militares em despesas de saúde como suportes essenciais de um direito efectivo em escala mundial.
O tempo destas referências parece ter-se desvanecido.Ao primado dos direitos substituiu-se o dogma do encurtamento do Estado e dos gastos sociais. É uma cultura pobre e uma visão estreita da saúde. Mas não é sábia. E sobretudo não é atenta - deliberadamente ou não - às determinantes da saúde. Não é uma cultura de lutadores mas uma cultura de funcionários. Mas, neste tempo de império dos indicadores estatísticos, a saúde persiste em ser um complicador que não se deixa confinar às percentagens.
Em contraponto a essa visão reducionista, existe um outro olhar, personalizado, integral e participativo o da «clínica geral».
Se assim for, a clínica geral, com a componente personalizada e a componente comunitária, é a matriz da saúde para o século XXI. Tal como o foi, afinal, em todos os séculos até aqui.
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