PINTURA PRESENTE. UMA BREVE INCURSÃO NOS DESENHOS DE ROLAND BARTHES

O nanquim, o guache, a aquarela: o traço fluído de Barthes é uma tentativa de captar um instante efêmero, a inscrição dos signos flutuantes de cada manhã de domingo em que ele fazia os seus “borrões”, como ele próprio diz; é certamente um instante de significância daquele que traça e colore, mas tam...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Juliana Bratfisch
Format: Article
Language:Spanish
Published: Universidade de São Paulo 2015-12-01
Series:Revista Criação & Crítica
Subjects:
Online Access:http://revistas.usp.br/criacaoecritica/article/view/109030
Description
Summary:O nanquim, o guache, a aquarela: o traço fluído de Barthes é uma tentativa de captar um instante efêmero, a inscrição dos signos flutuantes de cada manhã de domingo em que ele fazia os seus “borrões”, como ele próprio diz; é certamente um instante de significância daquele que traça e colore, mas também é um dom: Barthes inscreve seu corpo em um frágil suporte – muitas vezes em um papel de pouca gramatura destinado à escrita, como são as folhas timbradas da École de Hautes Études – não para se afirmar como artista, mas pelo simples prazer de dedicar esse gesto amador a seus amigos, presenteando-os com seu resultado. O gesto pictural em Barthes acontece, portanto, também sob o signo da anacoluthia, “o campo raro em que as ideias se penetram de afetividade, em que os amigos, pelo cortejo com que acompanham nossa vida, permitem-nos pensar, escrever, falar” (“A Imagem” O rumor da língua, p. 444). Nessa comunicação farei uma análise do gesto pictural em Barthes não somente como um gesto produtor, olhando para os signos que hesitam prazerosamente entre a letra e a imagem, mas também como um gesto de oferta.
ISSN:1984-1124