Summary: | Busca-se com o presente ensaio mostrar como práticas de cura, por meio da medicina tradicional calunduzeira, foram empregadas ao longo da história da resistência negra no Brasil, apoiando a construção de comunidades de terreiro e sua heterogênea tradição calunduzeira. Isso é feito, no que tange à metodologia do trabalho, por meio de revisão bibliográfica em textos clássicos e atuais, que englobam e referenciam o debate, como um todo; e por meio do diálogo com os casos de dois terreiros, de Candomblé e Umbanda, de Belo Horizonte/MG, que focam a pandemia e foram apresentados por suas lideranças - co-autoras deste texto - durante o evento "Encontros Afrorreligiosos VI: o povo de santo e a sobrevivência em meio à pandemia". Especificamente sobre os casos debatidos, mostra-se, como parte dos resultados, que a medicina tradicional calunduzeira, durante a pandemia da COVID-19, em sinédoque de sua fundante história, embasa o trabalho dos terreiros, que não abandonaram suas comunidades e vizinhanças, tendo buscado apoiar pessoas a enfrentarem as dificuldades trazidas pelo contexto sanitário, não apenas com ervas e conselhos, mas com solidariedade e orientação, que o próprio Estado brasileiro falhou em dar.
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