Summary: | Realizado a partir da gravação e remontagem de mais de 19 horas de material provenientes da grade televisiva da rede aberta nacional, Um Dia na Vida (2010) é uma obra que se destaca dentre a filmografia de Eduardo Coutinho. Seja pelo reaproveitamento e ressignificação de imagens televisivas, seja por não apresentar o traço característico do cinema conversacional do finado documentarista paulistano, este filme, exibido originalmente em 2010 e nunca lançado em circuito comercial por questões de copyright, mobiliza leituras múltiplas – inclusive do próprio cineasta, que preferia entender Um Dia na Vida como “coisa” ou “troço” antes de defini-lo como filme propriamente dito. Contudo, não almejamos penetrar nos meandros ontológicos, por assim dizer, da obra em questão, mas sim observar o que ela faz e como faz, em termos de suas materialidades. Para isto, a partir de revisão bibliográfica, examinaremos Um Dia na Vida à luz do conceito de cinema estrutural, cunhado por P. Adams Sitney, em 1969, e retomado e criticado por diversos autores desde então. Nisto, nosso objetivo não será defender uma potencial integração propriamente dita de Um Dia na Vida ao cânone do cinema estrutural, mas sim estabelecer pontos de contato entre a obra e algumas das principais características deste movimento de vanguarda, de modo a encontrar novos pontos de acesso a um dos mais singulares filmes de Eduardo Coutinho.
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