| Summary: | O presente estudo analisou narrativas de mulheres que passaram pela experiência de relacionamentos abusivos e reorganizaram suas vidas, buscando compreender os processos de transição e superação vividos. A revisão de literatura abrangeu temas como relacionamentos abusivos, gênero, violência de gênero e violência contra a mulher. Foi realizada pesquisa qualitativa, com seis mulheres, moradoras de Belo Horizonte e região metropoli-tana, que já haviam rompido relações abusivas, utilizando-se a entrevista narrativa. As entrevistadas identifica-ram, em seus relacionamentos, violências categorizadas como patrimoniais, psicológicas, sexuais e físicas. Nem sempre a agressão sofrida foi percebida durante a vivência da situação. Elementos de ordem pessoal, religiosa e profissional interferiram na opção pela busca ou não de suporte institucional e comunitário para romper com as situações de violência. A crença religiosa foi citada como repositório do sentimento de proteção e ponto de apoio para superação após o fim da relação. Os filhos foram mencionados como motivadores tanto para o rompimento, pela necessidade de proteção dos mesmos, quanto para seguir a vida. A percepção, pela própria mulher, do caráter abusivo do relacionamento em que se encontrava foi condição essencial para que o apoio social pudesse ser suporte nas decisões a serem tomadas. Baixa autoestima, frustração pelas oportunidades profissionais e pessoais perdidas, medo que as ameaças ainda se cumpram, emoções fragilizadas, autonomia abalada, culpa e remorso pelo que os filhos passaram, são algumas das sequelas que as relações abusivas dei-xaram nas mulheres ouvidas. Em contrapartida, elas falam também da paz de viverem hoje longe da violência a que estavam submetidas e do orgulho pela persistência e pela trajetória construída.
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