Consumo de massas, biodiversidade e fitomelhoramento da banana de exportação 1920 a 1980 Mass markets, biodiversity and breeding improvements of export bananas 1920-1980
A exportação de banana, na América, foi constituída sob uma base genética extremamente limitada: ao longo de setenta anos, uma só variedade de banana, a Gros Michel, foi praticamente a única a ser vendida nos mercados norte-americanos. Esta variedade produzia grandes cachos, resistentes ao transport...
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Published: |
Universidade Federal de Minas Gerais
2008-06-01
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description | A exportação de banana, na América, foi constituída sob uma base genética extremamente limitada: ao longo de setenta anos, uma só variedade de banana, a Gros Michel, foi praticamente a única a ser vendida nos mercados norte-americanos. Esta variedade produzia grandes cachos, resistentes ao transporte, e dotados de um sabor e de uma casca que os consumidores norte-americanos identificavam como pertencentes a uma banana de qualidade. Entretanto, a Gros Michel também se mostrou muito suscetível a um grande número de patógenos fúngicos, incluindo o Mal do Panamá e a Sigatoka. A dinâmica histórica ocasionada, durante a primeira metade do século XX, pela propagação desse fungo, acelerou o aumentou dos índices de desmatamento, desestabilizou os sistemas de vida rural, aumentou os riscos à saúde dos trabalhadores do campo, e limitou os rendimentos das principais companhias de comércio de banana. Tais epidemias impeliram o governo britânico e a United Fruit Company a estabelecerem programas de fitomelhoramento, durante a década de 1920, tendo como meta o desenvolvimento de uma banana para exportação, que fosse resistente ao Mal do Panamá. Contudo, a criação de um híbrido que fosse capaz tanto de prosperar nas zonas tropicais, quanto de encontrar aceitação no mercado norte-americano, se mostrou uma tarefa de difícil realização. A história dos programas de melhoramento revela uma das principais contradições da agricultura do século XX: os mesmos processos de produção massificada, que tendem a reduzir a diversidade biológica a nível local e regional, permaneciam dependentes do acesso a de um banco genético "global", para manter níveis lucrativos de produção.<br>The export banana industry in Latin America and the Caribbean developed on a very narrow genetic base: a single variety, the Gros Michel, was the only banana variety mass marketed in the United States for at least seventy years. The Gros Michel variety produced large fruit bunches, shipped well, and possessed a flavor and peel color that North American consumers came to recognize as a "quality" banana. The variety was also susceptible to a number of fungal pathogens including Panama disease and Sigatoka. The historical dynamic provoked by the spread of fungal pathogens during the first half of the twentieth century accelerated rates of deforestation, destabilized rural livelihoods, increased occupational health risks for farm workers, and lowered profits of major banana companies. The epidemics prompted both the British government and the United Fruit Company to establish banana breeding programs during the 1920s with the goal of developing an export variety with resistance to Panama disease. However, breeding a variety that possessed both disease resistance and marketability proved to be a difficult task. Both the British and United Fruit sent teams of botanists to comb the world's tropical regions in search of new varieties for their breeding programs. The history of export banana breeding programs reveals one of the principle contradictions of twentieth-century agriculture: the same processes of mass production that tend to reduce biological diversity on local and regional levels depend upon access to a global "genetic bank" in order to maintain profitable production levels. |
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