A falsa vilã: ideologias e ação estatal no semiárido brasileiro

O semiárido brasileiro é caracterizado em sua história por ser a região do Brasil em que grande parte das ações estatais esteve voltada para a resolução dos problemas decorrentes da ocorrência de períodos de seca. Este fenômeno natural passou a ser visto como o inimigo número um da região e a ser tr...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: José Carlos Dantas
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual Paulista (UNESP) 2020-01-01
Series:Revista NERA
Subjects:
Online Access:https://revista.fct.unesp.br/index.php/nera/article/view/6865/5818
Description
Summary:O semiárido brasileiro é caracterizado em sua história por ser a região do Brasil em que grande parte das ações estatais esteve voltada para a resolução dos problemas decorrentes da ocorrência de períodos de seca. Este fenômeno natural passou a ser visto como o inimigo número um da região e a ser tratado enquanto um vilão. O tratamento da seca enquanto uma vilã se deu através da constituição de uma ideologia que preconizava a busca de soluções para extinguir esse problema: a ideologia do Combate à seca. Em contrapartida, na historia recente do semiárido, uma outra ideologia se constitui com o objetivo de desconstruir a noção de que a seca é um problema, um mal a ser eliminado: é o momento do surgimento da ideologia da Convivência com o semiárido. O objetivo deste texto é compreender como se constituíram as ideologias de Combate à seca e Convivência com o semiárido e como estas influenciaram as políticas públicas direcionadas para o semiárido brasileiro, tentando explicitar as principais características de cada uma: o Combate à seca como criadora de uma falsa vilã (a seca) e a Convivência com o semiárido como criadora de discursos e práticas que mostram ser possível viver na região em meio às suas condições ambientais.
ISSN:1806-6755