Receita para se tornar um “transexual verdadeiro”: discurso, interação e (des) identificação no Processo Transexualizador
Com base em uma abordagem foucaultiana à análise do discurso e uma análise interacional de inspiração goffmaniana, este artigo investiga as micro-dinâmicas pelas quais sistemas de conhecimento que patologizam a transexualidade como uma enfermidade mental são incorporados nas ações de profissionais d...
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade Estadual de Campinas
2016-11-01
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Series: | Trabalhos em Linguística Aplicada |
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spelling | doaj.art-fb18da59c0a742cc981bd901cceea6cb2022-12-21T17:34:00ZengUniversidade Estadual de CampinasTrabalhos em Linguística Aplicada2175-764X2016-11-0155114163Receita para se tornar um “transexual verdadeiro”: discurso, interação e (des) identificação no Processo TransexualizadorRodrigo Borba0Universidade Federal do Rio de JaneiroCom base em uma abordagem foucaultiana à análise do discurso e uma análise interacional de inspiração goffmaniana, este artigo investiga as micro-dinâmicas pelas quais sistemas de conhecimento que patologizam a transexualidade como uma enfermidade mental são incorporados nas ações de profissionais de saúde e usuários/as transexuais do Sistema Único de Saúde. A partir de um trabalho de campo etnográfico de 13 meses, investiga-se um dos serviços de referência no Processo Transexualizador no SUS. O artigo discute como esses discursos biomédicos disponibilizam recursos semióticos para a identificação de “transexuais verdadeiros”, solidificando um modelo metapragmático de identidade. A análise focaliza trajetórias de socialização (WORTHAM, 2006) durante as quais uma usuária nova da clínica paulatinamente aprendeu a entextualizar (SILVERSTEIN E URBAN, 1996) o modelo do “transexual verdadeiro”, tornando-se, assim, um corpo dócil (FOUCAULT, 1975/2011) para os propósitos do Processo Transexualizador. Esse aprendizado se deu intertextualmente pela organização sequencial de turnos-defala e, sobretudo, no par pergunta-resposta através dos quais a psicóloga oferece a sua interlocutora os itens semióticos para a construção de uma performance que satisfaça as demandas diagnósticas do cuidado em saúde trans-específico.https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8647390Análise do discurso. Cuidado à saúde. Análise interacionalTrajetórias de socialização. Despatologização |
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