Apartheid brasileiro: raça e segregação residencial no Rio de Janeiro

Neste artigo descrevo os eventos políticos principais que, em julho de 2001, levaram à instalação de portões e câmeras em volta do Jacarezinho, a segunda maior favela do Rio de Janeiro, e as imediatas reações negativas a essas medidas na imprensa - especialmente jornais e redes de TV. Analiso essas...

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Main Author: João H. Costa Vargas
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo (USP) 2005-01-01
Series:Revista de Antropologia
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Online Access:http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27204
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spelling doaj.art-fb897a02d7db44c38be39ac18288cd792022-12-22T00:48:00ZengUniversidade de São Paulo (USP)Revista de Antropologia0034-77011678-98572005-01-0148110.1590/S0034-77012005000100003Apartheid brasileiro: raça e segregação residencial no Rio de JaneiroJoão H. Costa Vargas0University of Texas; Center for African and African American Studies Department of Anthropology Neste artigo descrevo os eventos políticos principais que, em julho de 2001, levaram à instalação de portões e câmeras em volta do Jacarezinho, a segunda maior favela do Rio de Janeiro, e as imediatas reações negativas a essas medidas na imprensa - especialmente jornais e redes de TV. Analiso essas reações a partir de dados etnográficos que tenho coletado desde junho de 2001 no Rio de Janeiro, quando iniciei um trabalho de colaboração com ativistas negras/os que, com a ajuda de ex-membros do grupo Panteras Negras (EUA), ousaram desafiar a polícia, os traficantes de drogas e, de fato, setores mais amplos da sociedade. Através da análise da cobertura dos jornais sobre o "condomínio-favela" e dos debates públicos que se seguiram, demonstro como tais discursos, ainda que de forma freqüentemente tácita, desumanizam negras/os ao associá-las/os ao crime, à corrupção e às favelas - bairros das classes trabalhadoras considerados como o local onde futuras gerações de negras/os perigosas/os continuarão a aterrorizar a imaginação e a vida daquelas pessoas que não moram em favelas. Concluo o artigo com uma avaliação da literatura acadêmica sobre cidades brasileiras e sugiro que é necessário dar atenção às formas como raça e espaço urbano interagem se a pesquisa nessa área pretende compreender e dialogar com ativistas moradores de favelas que não têm outra saída a não ser confrontar sua contínua desumanização.http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27204BrasilRio de Janeirofavelaraçaespaço urbanoativismo
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