Summary: | Definida como uma cefaleia em que a dor ocorre em 15 ou mais dias por mês, durante mais de três meses, sendo que, em pelo menos oito dias por mês, a dor assume caraterísticas de enxaqueca, com ou sem aura, a enxaqueca crónica é considerada uma entidade clínica de abordagem terapêutica muito desafiante. A sua fisiopatologia ainda não é totalmente conhecida, mas os mecanismos de sensibilização periférica e central à dor, assim como a suscetibilidade do próprio doente à utilização excessiva de medicação assumem-se como aspetos de difícil gestão farmacológica, tornando a abordagem clínica desta situação verdadeiramente carente de inovação. Nos últimos anos, o desenvolvimento de novos medicamentos para tratamento da enxaqueca, nomeadamente de anticorpos monoclonais dirigidos contra o peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP) ou o seu recetor, modificaram profundamente a amplitude do arsenal terapêutico para esta condição clínica. Neste trabalho, faz-se uma revisão narrativa dos aspetos fisiopatológicos que subjazem ao diagnóstico de uma enxaqueca crónica, neles alicerçando o conhecimento que permite depois discutir a respetiva terapêutica, à luz do conhecimento atual.
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