Devoção por imagens: Pinturas e culto privado na Itália entre os séculos XIII e XV

O título do presente ensaio levanta imediatamente um questionamento: o que seria, afinal, devoção? Seu sentido religioso decerto é entendido pelo senso comum, mas como ele poderia ser corretamente definido? No contexto do Cristianismo ocidental, o termo devoçãodeve ser compreendido como “uma dimensã...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Tamara Quírico
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Campinas 2019-09-01
Series:Figura
Online Access:https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/figura/article/view/10045
Description
Summary:O título do presente ensaio levanta imediatamente um questionamento: o que seria, afinal, devoção? Seu sentido religioso decerto é entendido pelo senso comum, mas como ele poderia ser corretamente definido? No contexto do Cristianismo ocidental, o termo devoçãodeve ser compreendido como “uma dimensão particular” da religião cristã, que remeteria “a uma orientação pessoal do fiel”. Se nas primeiras épocas do Cristianismo essa devoção se baseou especialmente na celebração do culto eucarístico e na participação dos fiéis nele, com os séculos passou-se a relacioná-la cada vez mais também a orações privadas, buscando “a afirmação progressiva de uma interioridade e de uma subjetividade do fiel”1. Tratava-se, por conseguinte, de um modelo de piedade que os leigos eram estimulados a desenvolver não somente dentro da igreja, durante as celebrações litúrgicas ou não, mas também fora dos edifícios religiosos, seja de forma comunitária, como nas confrarias, ou individualmente. Devoção para os cristãos, então, igualmente se relacionaria, ao menos desde a virada do primeiro milênio, a um diálogo religioso que se poderia estabelecer de forma particular entre o fiel e um santo de sua eleição.
ISSN:2317-4625