Summary: | Há duas premissas fundamentais nas preleções “Agostinho e o neoplatonismo”: primeiro, a experiência fática da vida, a partir da qual Heidegger afirma que o sentido de acesso ao “Livro X” das “Confissões” é histórico-realizador e não histórico-objetivo; segundo, a acentuação ao mundo próprio tornada propícia pelo cristianismo, segundo a qual o caráter autobiográfico das “Confissões” ganha relevância. Apresentar a implicação metodológica da primeira premissa para essas preleções é o primeiro objetivo deste artigo, que tornará possível entender a contribuição da autobiografia para a fenomenologia da religião levada a cabo por Heidegger. Utilizando a hermenêutica fenomenológica como método, será defendida a hipótese de que o caráter autobiográfico das “Confissões” não se centra na narrativa do passado, mas na condição presente de quem narra, deflagrando a vida em sua facticidade, tornando-a explícita a si mesma do modo como é. Isso permitirá compreender o entrelaçamento fundamental entre confissão, vida e fé, levando à conclusão de que nessas preleções é realizada uma fenomenologia da experiência religiosa.
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