Papel do ácido acetilsalicílico na prevenção primária cardiovascular. Revisão baseada na evidência
Introdução: Os benefícios da utilização do ácido acetilsalicílico (AAS) na prevenção secundária cardiovascular (CV) ultrapassam largamente os seus danos. No entanto, o seu papel na prevenção primária (PP) mantém-se controverso. O objectivo deste trabalho é fazer uma revisão baseada na evidência s...
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Format: | Article |
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Published: |
Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
2007-03-01
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Series: | Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar |
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Introdução: Os benefícios da utilização do ácido acetilsalicílico (AAS) na prevenção secundária cardiovascular (CV) ultrapassam largamente os seus danos. No entanto, o seu papel na prevenção primária (PP) mantém-se controverso. O objectivo deste trabalho é fazer uma revisão baseada na evidência sobre quem deve fazer prevenção primária CV com AAS e com que posologia.
Metodologia: Realizou-se uma pesquisa sistemática de artigos publicados nas bases de dados MEDLINE, Cochrane Libary, Bandolier, Medscape, Tripdatabase, DARE, EBM Resources e US Preventive Services Task Force, entre Janeiro de 1985 e Janeiro de 2006. Foram incluídos nove ensaios clínicos aleatorizados (ECA), oito revisões sistemáticas (RS), quatro revisões baseadas na evidência (RBE) e quatro normas de orientação clínica (NOC). Relativamente à prevenção primária nos diabéticos incluíram-se dois ECA, uma RS, duas RBE e três NOC. No caso dos hipertensos, contou-se com um ECA, duas RS e uma NOC.
Resultados: Analisando conjuntamente os 6 ECA (n=95.456), a utilização de AAS esteve associada a uma redução significativa do enfarte do miocárdio (EM) em 32% e a uma redução não significativa do acidente vascular cerebral (AVC). A análise dos dados agrupados pelo factor sexo revelou diferentes benefícios para cada um dos grupos. Nos homens obteve-se uma diminuição significativa do risco de eventos CV em 12% e uma redução significativa de EM em 32%. Nas mulheres houve uma diminuição significativa dos eventos CV em 12% e do AVC em 19%. Analisaram-se separadamente os subgrupos de pacientes diabéticos e hipertensos. Relativamente aos efeitos laterais associados à terapêutica com AAS verificou-se um aumento significativo de hemorragia gastrointestinal e um aumento não significativo de AVC hemorrágico.
Discussão: Há boa evidência de que o AAS diminui a incidência de EM nos adultos com risco CV aumentado e de que aumenta globalmente a incidência de hemorragia gastrointestinal. A evidência do aumento da taxa de AVC hemorrágico é apenas média. É importante o controlo tensional quando se considera PP com AAS. Discutem-se e comparam-se as orientações, com os respectivos graus de força de recomendação, de diversas sociedades, nomeadamente no que diz respeito ao nível de risco CV, a partir do qual está indicada a PP com AAS.
Conclusões: O benefício do AAS aumenta à medida que o risco CV aumenta, pelo que este deve ser estimado na decisão da sua utilização.
A prevenção primária CV pode ser alcançada com doses tão baixas como 75-150 mg/dia. Mais ECA são necessários, nomeadamente nos diabéticos.
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