Summary: | Tradicionalmente se considerou que as sociedades islâmicas não tiveram nenhum
tipo de interesse por conhecer ou preservar a Antiguidade. Minha contribuição
assinala a necessidade de reconsiderar este paradigma. Para isso, analiso um caso
particular, que foi o tema de minha tese de doutorado: a recepção da Antiguidade
sob o domínio muçulmano na Península Ibérica ou al-Andalus, durante os primeiros
séculos (VIII-X d.C.). Este artigo assinala que al-Andalus constitui um cenário
único para os estudos de recepção. Revela a existência de uma profunda e
inovadora reflexão sobre o passado, que abarca vários aspectos. Por um lado,
uma interpretação impressionante das estátuas clássicas, que deixam de serem
consideradas ídolos pagãos para serem vistas como talismãs e protetoras de uma
cidade ou comunidade. Por outro lado, a apropriação e reelaboração do passado
pelos cronistas árabes, com fins políticos e de legitimação.
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